
Preso na última quinta-feira (29), o funkeiro MC Poze do Rodo começou a enfrentar consequências que vão além do sistema judicial. A plataforma de streaming Spotify removeu de seu catálogo diversas músicas do artista por violação das diretrizes de conteúdo, após avaliação que apontou apologia ao crime e exaltação a facções criminosas, como o Comando Vermelho. A medida também atingiu outros artistas do rap e funk nacional que compõem o subgênero conhecido como “proibidão”.
A exclusão dos conteúdos foi confirmada por representantes da sede norte-americana do Spotify, que informaram à imprensa que letras de músicas com teor criminoso passaram por triagem. A canção “Fala que a Tropa é CV”, um dos principais alvos da medida, inclui versos como “Se os cana brotar, a bala vai comer” e faz referência direta ao Comando Vermelho, além de ataques explícitos a facções rivais.
As letras de Poze, que nos últimos anos figuraram entre os maiores sucessos da plataforma — chegando ao topo do Top 50 do Spotify em 2021 — narram rotinas de tráfico, ameaças a policiais e ostentação armada, muitas vezes em tom celebratório. Na música excluída, o cantor dispara versos como:
“Só AKzão na favela / Com vários pentão reserva / É bala nos três c”* — este último, uma referência explícita à facção rival Terceiro Comando.
Segundo a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), os shows de Poze seriam utilizados como fachada para ações da facção Comando Vermelho, funcionando como espaço de propaganda armada e movimentação financeira ilícita.
