
A ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais e presidente do PT, procurou a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) após a divulgação de um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que viralizou nas redes sociais ao relacionar o escândalo de fraudes no INSS com supostos R$ 90 bilhões em empréstimos consignados. A publicação teve mais de 100 milhões de visualizações em 24 horas e aumentou a pressão sobre o governo Lula, que já enfrenta críticas pela lentidão na resposta ao caso.
O vídeo também foi compartilhado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ampliando ainda mais o alcance da acusação. Apesar de a Febraban afirmar que não recebeu nenhum pedido formal de posicionamento, a movimentação de Gleisi foi vista como uma tentativa de conter os danos políticos e narrativos provocados pela explosão de desinformação.
Na tentativa de se defender, Gleisi declarou que foi o atual governo que deu início às ações efetivas contra os descontos fraudulentos, por meio da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU). Ela ainda culpou o governo anterior, de Jair Bolsonaro, por ter deixado o esquema crescer.
A CGU, por sua vez, precisou emitir esclarecimentos públicos para desmentir os dados apresentados por Nikolas. Segundo o órgão, a investigação da Polícia Federal trata exclusivamente de descontos indevidos relacionados a mensalidades associativas, e não de empréstimos consignados. O valor real estimado das fraudes é de R$ 6,3 bilhões — um número alarmante, mas distante dos R$ 90 bilhões mencionados pelo parlamentar.
O episódio mostra não apenas a dificuldade do governo Lula em conter crises que se espalham rapidamente pelas redes, como também o impacto da desinformação quando combinada com um ambiente de fragilidade institucional. O escândalo no INSS, agora alvo de uma CPI, já derrubou o presidente do órgão e o ministro da Previdência, Carlos Lupi, e segue minando a imagem do Planalto.
Enquanto a base do governo se fragmenta no Congresso, o Planalto tenta correr atrás de narrativas que já escaparam do seu controle. A atuação de Gleisi, embora rápida, evidencia que o governo ainda joga na defesa, enquanto vídeos como o de Nikolas impõem o ritmo do debate público.
