
O ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Eduardo Tagliaferro, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o inquérito no qual é investigado permaneça sob sigilo absoluto. A solicitação ocorre após a divulgação, pela Gazeta do Povo, de trechos do inquérito que incluíam mensagens trocadas entre Tagliaferro e sua esposa, nas quais o ex-assessor expressava medo do ministro Alexandre de Moraes e dizia recear ser preso ou até morto pelas informações que detinha.
Tagliaferro classificou como “crasso e pueril” o eventual fim do sigilo do caso, argumentando que isso comprometeria a segurança nacional, além da integridade de membros dos Três Poderes e seus familiares. Segundo o ex-assessor, o inquérito reúne dados sensíveis de pelo menos 3.608 pessoas, incluindo diplomatas, o diretor da OEA, o procurador-geral da República Paulo Gonet, integrantes da Presidência da República e parentes de ministros.
“Permitir o acesso irrestrito a essas informações é expor essas figuras para os mais vorazes inimigos da democracia”, diz a petição.
Eduardo Tagliaferro foi indiciado pela Polícia Federal por violação de sigilo funcional com prejuízo à administração pública, no contexto da investigação que apura o vazamento de mensagens internas do ministro Alexandre de Moraes a servidores do TSE e do STF. Parte desse material teria sido repassado à Folha de S.Paulo, que publicou reportagens em agosto de 2023 revelando detalhes da rotina interna da assessoria de Moraes.
Entre os conteúdos mais polêmicos, estão mensagens que sugerem que Moraes escolhia previamente os alvos de investigações e instruía os assessores a produzirem relatórios para justificar medidas já decididas. Em uma das conversas, o juiz Airton Vieira — assessor direto de Moraes — teria ordenado que Tagliaferro “usasse a criatividade” para incluir a revista Oeste como “revista golpista”, a fim de embasar medidas contra o veículo.
A divulgação dessas informações acirrou os ânimos em Brasília. Parlamentares da oposição agora pressionam para que Tagliaferro preste depoimento ao Congresso, a fim de esclarecer sua atuação no período em que integrou o núcleo próximo de Moraes no TSE.
