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“Se eu falar algo, o ministro me mata ou me prende”: mensagens revelam medo e tensão de ex-assessor de Alexandre de Moraes
Por Silvio Cassiano - SiCa
Publicado em 17/04/2025 13:22
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Segundo informações do Diário do Poder e da Gazeta do Povo, a crise silenciosa por trás das investigações envolvendo o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ganhou novos contornos explosivos nesta terça-feira (15), após a divulgação de mensagens privadas do perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor direto do ministro Alexandre de Moraes, revelando temor de prisão ou até morte caso expusesse informações sobre sua atuação dentro da Corte.

 

As mensagens, obtidas pela Polícia Federal (PF) durante o inquérito conduzido no STF, mostram Tagliaferro desabafando com sua esposa sobre o medo que sentia em relação ao ministro, declarando em um momento:

 

 

“Se eu falar algo, o ministro me mata ou me prende. Ele é um FDP.”

 

O perito também expressou o desejo de “chutar o pau da barraca”, “contar tudo” e “jogar tudo para o alto”, mas dizia conter-se por causa das filhas adolescentes, a quem afirma precisar proteger.

 

“Tenho as meninas”, escreveu, justificando por que não poderia agir por impulso.

 

Tagliaferro esteve à frente da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) no TSE entre agosto de 2022 e maio de 2023. Durante sua atuação, participou da produção de relatórios de monitoramento de políticos, veículos de imprensa e influenciadores críticos ao TSE, ao STF e ao próprio Moraes. Esses relatórios foram usados para embasar decisões judiciais, como bloqueio de perfis, remoção de conteúdos e abertura de investigações no inquérito das fake news.

 

 

Reprodução Gazeta do Povo

 

Reprodução Gazeta do Povo

As novas mensagens reforçam o que já havia sido denunciado: o uso de relatórios sob demanda para justificar decisões. Em uma das conversas reveladas, o juiz Airton Vieira, assessor de Moraes no STF, chega a instruir o perito a “usar a criatividade” para incluir a Revista Oeste como “revista golpista” em uma dessas peças de monitoramento.

 

 

Tagliaferro admitiu ter conversado com a Folha de S.Paulo em abril deste ano, após ser citado em uma série de reportagens sobre o uso político dos relatórios internos do TSE. Questionado pela companheira sobre o conteúdo das declarações, ele afirmou:

 

“Falei a verdade.”

“Às vezes a verdade não é uma boa opção”, respondeu ela.

“Eu sei, mas eu só trabalho com a verdade, mesmo ela não sendo a melhor opção.”

 

 

O próprio ministro Alexandre de Moraes, citado como figura central nos desabafos do perito, é quem conduz o inquérito em que Tagliaferro virou alvo. Em agosto de 2024, Moraes autorizou a quebra de sigilo telemático do ex-assessor, permitindo à PF acesso a arquivos na nuvem e mensagens privadas.

 

 

As conversas com a esposa e com o advogado Eduardo Kuntz foram incluídas nos autos, ainda que, no caso de Kuntz, a PF não tenha identificado nenhuma conduta ilícita. O advogado classificou a investigação como “arbitrária”, dizendo que a própria operação “colocou o Estado Democrático em xeque”.

 

Em nota, os novos advogados de Tagliaferro, Sarah Quinetti e Igor Lopes, criticaram a divulgação das mensagens, afirmando que isso prejudica o trabalho e a integridade do perito, que sustenta a família por meio da profissão técnica.

 

“A atuação de Eduardo sempre foi pautada na ética e na bravura. Ele não tem nada a esconder”, afirmou a defesa.

 

A nota ainda destaca que Tagliaferro cumpriu sua função com sigilo e profissionalismo, mas que agora está vulnerável diante de um ambiente de intimidação política e institucional.

 

 

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