Em um dia de alta volatilidade no mercado financeiro, o dólar encerrou a quarta-feira (18) em R$ 6,26, atingindo um novo recorde. A disparada ocorreu após o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciar o segundo corte consecutivo na taxa de juros, reduzindo 0,25 ponto percentual para o intervalo entre 4,25% e 4,50%. A decisão também impactou a Bolsa de Valores brasileira: o Ibovespa caiu 2,31%, fechando aos 121.807 pontos.
O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou em coletiva que o corte foi uma escolha difícil, mas necessária. “Foi uma decisão mais difícil, mas decidimos que era a certa”, declarou.
Antes do anúncio do Fed, o dólar já mostrava oscilações devido ao clima de incerteza no cenário interno. Às 13h, a moeda americana chegou a ser negociada por R$ 6,19, refletindo, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, uma “especulação” no mercado de câmbio. “Nós temos um câmbio flutuante e, neste momento, em que as coisas estão pendentes, há um clima de incerteza que faz o câmbio flutuar. Mas acredito que ele vai se acomodar”, afirmou Haddad.
Haddad atribuiu parte da volatilidade ao atraso na aprovação do pacote fiscal, destacando que a expectativa é de estabilização assim que houver maior clareza sobre as medidas econômicas.
Para conter a alta da moeda americana, o Banco Central (BC) realizou dois leilões entre os dias 12 e 17 de dezembro, injetando US$ 12,8 bilhões no mercado. Deste montante, US$ 5,8 bilhões foram disponibilizados em operações à vista, sem compromisso de recompra.
Apesar das intervenções, o impacto foi insuficiente para reduzir o apetite dos investidores por dólares. Analistas apontam que o mercado continua demandando maior oferta da moeda. Como referência, em maio de 2020, o BC leiloou US$ 7 bilhões em um único dia para evitar que o dólar superasse os R$ 6,00.
A atual conjuntura reforça o clima de cautela entre os investidores, que seguem acompanhando as negociações do pacote fiscal e a política monetária nos Estados Unidos para prever os próximos movimentos do mercado.