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Goiânia lidera uso de vape entre homens na região Centro-Oeste, aponta Fundação do Câncer
Saúde
Publicado em 21/11/2024

A cidade de Goiânia lidera o uso do vape entre homens na região Centro-Oeste, segundo dados da Fundação do Câncer. De acordo com o levantamento da instituição, a capital goiana está em primeiro lugar no ranking entre adultos do sexo masculino, com 7,1% no uso de cigarro eletrônico, cujo consumo é proibido pela Anvisa. Especialista de Goiás alerta para os riscos.

 

Conforme o estudo, enquanto Goiânia lidera no uso de vape entre homens no Centro-Oeste, a capital figura o penúltimo lugar no caso de mulheres, com 2,9%. Neste âmbito, o Distrito Federal registrou o maior percentual de uso (4,7%).

 

Ainda conforme o levantamento, no Centro-Oeste há o maior índice nacional de adolescentes que já experimentaram o dispositivo. O estudo revela dados alarmantes: na faixa etária de 13 a 17 anos, 27,4% dos homens e 20,2% das mulheres já utilizaram o cigarro eletrônico.

 

Especialista alerta para riscos de usar vape

O alto índice de consumo na região traz desafios importantes para a saúde da população. Vape, pod, e-cigarro, tabaco aquecido, cigarro eletrônico: todos são prejudiciais à saúde, alertam especialistas em pulmão.

 

O Mais Goiás conversou com Marcelo Rabahi, médico pneumologista e diretor clínico do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia, sobre os riscos do uso desse dispositivo que tem sido cada vez mais comum.

 

Conforme ele, muitas pessoas que usam o cigarro eletrônico desconhecem o que há por trás desses dispositivos. “Eles [cigarros eletrônicos] têm nicotina e, se têm nicotina, causam dependência. E o que é pior, a partícula liberada pelo cigarro eletrônico chega muito mais rápido ao cérebro. Isso significa que ela vai se ligar rapidamente aos receptores cerebrais e, com isso, há uma necessidade muito maior de usar esses cigarros eletrônicos, por isso causam mais dependência que os cigarros tradicionais”, afirma.

 

Ainda segundo o pneumologista, já foi comprovado cientificamente que tais dispositivos causam vários tipos de doenças, tanto pulmonares como cardiovasculares. “Inclusive, caso de pneumonia aguda que o cigarro comum não causa, o eletrônico causa”, explica Rabahi.

 

Marcelo Rabahi explica também sobre o risco do ar quente inalado durante o uso desse tipo de dispositivo. “Para que aquela partícula seja volatizada, saia do estado líquido, como é colocado no dispositivo, e seja inalada, a temperatura é muito alta. Ela chega muito quente nas extremidades do pulmão”, explica. De acordo com ele, isso causa uma lesão que não é percebida na hora.

 

O médico faz um alerta para os riscos agudos como pneumonias e, no caso de médico de longo prazo, como bronquite crônica, enfisema e até câncer de pulmão. “Cigarro eletrônico não tem nada de recreativo”, concluí.

 

Comércio de vape na mira da Polícia de Goiás

Como o comércio desse tipo de produto é proibido no Brasil, a polícia e a Receita Federal miram a venda do vape. Várias ações têm apreendido material, sobretudo advindo de contrabando.

 

No dia 13 de novembro, o Comando de Operações de Divisas (COD) da Polícia Militar (PM) apreendeu quase 4 mil cigarros eletrônicos contrabandeados, que seriam distribuídos na região Metropolitana de Goiânia.

 

No início deste mês, uma operação conjunta entre o Comando de Operações de Divisas (COD) e a Receita Federal em Goiás apreendeu mais de 1,5 mil cigarros eletrônicos contrabandeados do Paraguai, além de 1,5 mil essências de cigarro eletrônico, com valor estimado de R$ 300 mil no mercado ilegal.

 

Durante a operação, as equipes descobriram que os criminosos utilizavam documentos fiscais falsos e “laranjas” para realizar o envio e a distribuição das mercadorias nas cidades da região. Na mesma semana, outras duas operações da PM resultaram na apreensão de mais de 6 mil cigarros eletrônicos contrabandeados.

 

Em maio deste ano, mais de 10 mil cigarros eletrônicos avaliados em mais de R$ 1 milhão foram apreendidos em três lojas no Camelódromo de Campinas, em Goiânia. Na época, a Polícia Civil prendeu em flagrante dois libaneses que, segundo as investigações, chefiavam o comércio ilegal de cigarros eletrônicos.

 

Quase três milhões de brasileiros usando cigarros eletrônicos

O número de brasileiros que consomem com frequência cigarros eletrônicos cresceu nos últimos anos. Conforme pesquisa recente do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), com dados de 2023, 2,9 milhões de pessoas consomem os vapes no país. O número é cinco vezes maior do que a pesquisa feita no ano anterior, quando 2,2 milhões de brasileiros afirmaram consumir os dispositivos.

 

A comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas no Brasil desde 2009. Recentemente, o regulamento referente aos dispositivos eletrônicos para fumar foi atualizado e foi mantida a proibição, já vigente desde 2009. A decisão foi tomada após extensa avaliação de seus riscos e impactos à saúde pública brasileira.

 

A Resolução da Diretoria Colegiada RDC n° 855/2024 além de proibir a comercialização, importação, o armazenamento, o transporte e a propaganda dos DEF, reforça a proibição de seu uso em recintos coletivos fechados, público ou privado.

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