O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu anular todas as condenações de José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil, no âmbito da Operação Lava Jato. A decisão abre caminho para que Dirceu, um dos principais nomes do PT e aliado de longa data do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, possa disputar as eleições de 2026.
De acordo com fontes próximas, Dirceu estaria considerando concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, representando o estado de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país. A ideia é fortalecer o PT no Legislativo, especialmente após a perda de alguns aliados estratégicos nas últimas eleições. Aliados de Dirceu comentaram ao jornalista Igor Gadelha que o ex-ministro pretende focar em uma candidatura que possa contribuir para a reestruturação do partido.
Dirceu já estaria se movimentando nos bastidores. Durante a campanha municipal de 2024, ele passou uma temporada em São Paulo, onde apoiou Guilherme Boulos (PSOL) na corrida pela prefeitura da capital paulista. A aproximação com Boulos, um líder jovem e de forte apelo popular, sugere uma estratégia para consolidar uma frente progressista, unindo PT e PSOL em torno de pautas comuns e em busca de renovação política.
Ao ser questionado pela coluna de Gadelha nesta terça-feira (29), Dirceu evitou confirmar explicitamente sua candidatura, mas deixou a possibilidade em aberto: “Veremos no final de 2025”, declarou, mantendo o suspense e sinalizando que a decisão dependerá de fatores futuros, como o desempenho do partido nas próximas campanhas e sua aceitação pública.
Enquanto alguns membros do PT veem a candidatura de Dirceu como uma chance de fortalecer o partido, outras alas, ligadas ao presidente Lula, mantêm reservas quanto ao retorno do ex-ministro à cena política. Segundo fontes internas, a cúpula do partido rechaça a possibilidade de Dirceu voltar a ocupar cargos no Palácio do Planalto durante o terceiro mandato de Lula, preferindo uma linha de governança que se afaste de figuras associadas a escândalos passados, mesmo após a anulação das condenações.
Apesar das divergências, fontes próximas ao ex-ministro garantem que ele ainda exerce uma forte influência no partido, o que pode ser decisivo na consolidação de uma eventual candidatura. Para Dirceu, a possibilidade de retorno ao Congresso representaria uma nova chance de reabilitação política e de defender o legado do PT em um momento crítico para o partido.
Essa movimentação ocorre em um cenário político desafiador, com as eleições de 2026 já começando a ganhar forma e o PT buscando reforçar suas posições estratégicas no Congresso. Resta saber como o eleitorado reagirá à volta de uma figura tão polarizadora quanto José Dirceu, e se o ex-ministro conseguirá transformar sua experiência e influência interna em uma vantagem competitiva na disputa pelo Legislativo.