O ex-ministro José Dirceu, condenado nos casos do mensalão e petrolão, publicou um artigo neste sábado, 13, no jornal O Globo, intitulado “Sem regulação, plataformas digitais viram ameaça”. No texto, Dirceu defende o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, contra acusações de censura relacionadas ao bloqueio de perfis nas redes sociais.
Dirceu argumenta que, na ausência de um arcabouço regulatório eficaz contra a desinformação online, é injusto atribuir a Moraes o rótulo de censor. “Como o Brasil não conta com arcabouço regulatório para deter a desinformação nas redes, é fácil tentar atribuir ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, o papel de censor. É isso que tentam fazer os bolsonaristas desde o início dos inquéritos que investigam fake news e milícias digitais”, escreve Dirceu. Ele também menciona o apoio do bilionário Elon Musk, dono do X, à narrativa contra Moraes, citando os ‘Arquivos Twitter’ que detalham decisões de bloqueio de contas sob ordens do ministro.
O ex-ministro analisa a situação política, sugerindo que as críticas de Musk são parte de uma estratégia maior que busca não apenas defender interesses individuais, mas também favorecer um ‘retorno da extrema direita ao poder no Brasil’, o que beneficiaria seus negócios. “Nada, em política, é por acaso. As falas de Musk, imediatamente aplaudidas pelo clã Bolsonaro e correligionários, fazem parte da estratégia de tentar impedir, pela pressão política, a prisão do ex-presidente Bolsonaro”, afirma Dirceu. Ele destaca que Musk tem interesses comerciais significativos no Brasil, não só com a rede X, mas também como CEO da Tesla e proprietário da Starlink, que fornece conexão via satélite em áreas remotas.
Dirceu aponta para a importância estratégica do lítio brasileiro para a indústria de veículos elétricos de Musk, contextualizando as críticas do empresário dentro de um quadro mais amplo de interesses econômicos e políticos que se entrelaçam.
O artigo termina com um alerta sobre as supostas intenções democráticas que Musk proclama, com Dirceu concluindo: “Quem quiser que acredite nas intenções democráticas alegadas por Dirceu no artigo. Como ele mesmo disse, contudo, ‘nada, em política, é por acaso‘.”