A Triunfo Concebra, concessionária que administra a BR-153, anunciou nessa terça (18) a decisão de construir uma ponte sobre o km 508 da rodovia. Esse trecho passa por cima do córrego Santo Antônio, em Aparecida de Goiânia, e está interditado desde o dia 21 de dezembro do ano passado. Parte da pista desmoronou por causa das chuvas.
A Triunfo afirma que a ponte será uma solução definitiva para a pista. Apesar de a promessa ser de entregar a nova estrutura no sentido norte/sul da rodovia entre 45 e 60 dias contados a partir da próxima semana, não há ainda um cronograma para a conclusão de todas as fases da obra, que envolve a construção da ponte no outro sentido da BR-153 e a remoção dos bueiros e da pista sobre ele.
Ponte deve ser construída em trecho interditado da BR-153 em Aparecida de Goiânia
As três faixas da pista no sentido norte/sul tiveram de ser interditadas após o surgimento de uma segunda cratera
As três faixas da pista no sentido norte/sul tiveram de ser interditadas após o surgimento de uma segunda cratera no local em menos de duas semanas. Desde então, a pista do outro sentido se tornou de mão dupla em um trecho de cerca de 800 metros.
Uma série de problemas foram causados por conta da interdição, como o congestionamento nos horários de pico e acidentes. O mais trágico deles aconteceu na madrugada do dia 24 de dezembro, véspera de natal, quando um ônibus com 57 passageiros caiu no córrego e causou a morte de sete pessoas e deixou outras 23 feridas.
Ponte deve ser construída em trecho interditado da BR-153 em Aparecida de Goiânia
Ônibus com 57 passageiros caiu no córrego e causou a morte de sete pessoas e deixou outras 23 feridas
Obra na BR-153 não tem liberação da ANTT ainda
A obra ainda não tem uma liberação formal da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Mas, a Triunfo Concebra afirma que deve começar a obra, em caráter emergencial, já na próxima semana. De acordo com a concessionária, será feita uma avaliação após a entrega da primeira ponte, até o fim de março, para saber se já começa a segunda ou se espera um momento mais apropriado para melhor execução do serviço.
Caso a segunda ponte precise ser realizada em outro momento, a rodovia seguirá em mão dupla, com o sentido norte/sul sendo feito pela ponte e o outro pela pista que atualmente é usada nos dois fluxos. Já se a obra for iniciada na sequência, os veículos serão todos desviados para a ponte até a conclusão, que deve durar o mesmo intervalo de tempo.
A concessionária explica que a intenção é que a terceira etapa, que envolve a remoção dos bueiros e das pistas antigas, ocorra antes do período das chuvas no segundo semestre de 2022.
Ponte deve ser construída em trecho interditado da BR-153 em Aparecida de Goiânia
Uma série de problemas foram causados por conta da interdição, como o congestionamento nos horários de pico e acidentes
Sinalização
Enquanto isso, a Triunfo reforçou a sinalização dentro dos bairros que margeiam o trecho da rodovia para que os motoristas tenham outras opções de trânsito e evitem a BR-153 sobre o córrego. Uma parte que liga um dos bairros e a rodovia está sendo asfaltado pela empresa.
A ideia é que os desvios estejam devidamente marcados na próxima semana. Atualmente, os caminhos alternativos são confusos para quem não conhece a região. O diretor-presidente da concessionária, Odenir Sanches, diz que o objetivo não é desviar o fluxo, mas sim, redistribuí-lo para reduzir o volume de veículos, principalmente nos horários de maior movimento.
Sem iluminação
Outro problema que a rodovia enfrenta é a falta de iluminação, mesmo esse tendo sido um ponto preocupante para a tragédia envolvendo o ônibus no dia 24 de dezembr. Desde o começo de 2021, os trechos urbanos de rodovias são de responsabilidade dos municípios e na época do acidente a prefeitura de Aparecida informou que um processo licitatório estava em andamento.
Ponte deve ser construída em trecho interditado da BR-153 em Aparecida de Goiânia
Triunfo reforçou a sinalização
Nesta terça, informou aguardar a entrega do parque luminotécnico pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit).
A prefeitura também afirmou que faz o reforço na sinalização horizontal dos trechos usados como rotas alternativas pelos motoristas para evitar acidentes, que agentes de trânsito monitoram o fluxo para evitar o tráfego constante de caminhões e que dialoga com a concessionária constantemente.
Problema antigo que virou emergencial
O custo total da obra deve ficar entre R$ 12 milhões e R$ 15 milhões. O diretor-presidente da concessionária, Odenir Sanches, disse que provavelmente essa verba sairá dos cofres da empresa, sem necessidade de repasse para os motoristas por meio de reajuste de pedágio.
O projeto é diferente do que foi apresentado pela Triunfo Concebra em 2016, quando a ideia era, primeiro, construir duas pontes laterais e depois duas centrais, sem que houvesse os transtornos atuais.
Sanches afirma que o trecho sobre os bueiros por onde passa o córrego Santo Antônio colapsou após a fundação das galerias afundar com o impacto da força das águas, principalmente durante as chuvas. O presidente explica que o problema é antigo, que a obra original é do fim dos anos 1950, quando a área era dominada por fazendas, sem pavimentação, e que já deveria ter sido feita uma ponte nos anos 1980, quando a rodovia foi duplicada.
Assim que a concessionária assumiu a rodovia, Sanches disse que houve uma reunião com o então prefeito de Aparecida, Maguito Vilela (MDB), na qual este solicitou uma ponte no lugar dos bueiros no córrego Santo Antônio. A empresa chegou a fazer um projeto, porém afirma ter encontrado resistência da ANTT após um parecer do Tribunal de Contas da União (TCU) em 2017, impedindo que os custos fossem repassados nos pedágios.
A empresa alega que se o valor do pedágio seguisse o que estava no contrato, estaria recebendo entre R$ 500 milhões e R$ 550 milhões por ano, mas atualmente a receita gira em torno de R$ 230 milhões, o que inviabilizaria qualquer investimento por parte da Triunfo Concebra. “O que estamos fazendo agora é uma emergência”, comentou.
Em nota, a ANTT informou que “historicamente” este contrato de concessão “enfrenta dificuldades na sua execução e diversos atrasos de obras foram apurados pela Agência” e que “tem sido apurado e fiscalizado as inexecuções”.