País registra 4.000 menores de idade hospitalizados, segundo levantamento do jornal Washington Post
EUA batem recorde de crianças internadas com Covid em meio a avanço da ômicron
Ao menos 4.000 crianças com Covid-19 estavam hospitalizadas nos Estados Unidos nesta quarta-feira (5), de acordo com um levantamento do jornal americano Washington Post.
A cifra representa a maior marca de internações dentro deste grupo, acima de picos anteriores registrados durante o verão nos EUA, entre os meses de junho e agosto. À época, a variante delta era predominante entre as infecções; hoje, é a ômicron a principal responsável pelos novos casos de coronavírus —95,4%, segundo dados mais recentes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
Há menos de duas semanas, no Natal, os números do Washington Post mostravam menos de 2.000 crianças internadas com Covid, metade do número agora registrado no país.
“É fundamental que protejamos nossas crianças e adolescentes da infecção por Covid-19”, disse Rochelle Walensky, diretora do CDC. O órgão, também nesta quarta, deu aval para a aplicação das doses de reforço com o imunizante da Pfizer a todos entre 12 e 15 anos de idade.
Nas regras atuais, crianças a partir dos cinco anos também são elegíveis a receber a primeira e a segunda dose do imunizante da Pfizer, mas não as da Moderna ou a da Janssen.
“A Covid está sobrecarregando nossos hospitais e os hospitais infantis. [A vacina] é uma ferramenta que precisamos usar para ajudar nossos filhos durante esta pandemia”, disse a pediatra Katherine Poehling, membro do painel de especialistas do CDC que aprovou a dose de reforço.
Os dados da instituição apontam que a faixa etária dos 5 aos 11 anos é a que mais iniciou e completou o esquema de vacinação nos últimos 14 dias (21,8% e 37,1%, respectivamente). No entanto, o grupo, que equivale a 8,7% da população dos EUA, tem apenas 2,9% de seus integrantes imunizados com ao menos a primeira dose, e 2,2%, com as duas (ou com a dose única).
A mesma faixa etária contabiliza 6% dos casos de Covid-19 registrados nos EUA, ainda segundo dados do CDC. No total, 221 crianças (0,03%) desse grupo morreram em decorrência da doença.
A faixa dos 12 aos 17 anos corresponde a 7,1% do total de casos e 0,07% do total de mortes (489 óbitos). Nesse grupo (7,6% da população), os que receberam a primeira dose da vacina somam 6,6%, proporção que se repete entre os que estão com o esquema vacinal completo.
Um relatório da Academia Americana de Pediatria (AAP) divulgado na semana passada indica que os casos de Covid entre as crianças seguem a mesma tendência de alta vista nos EUA como um todo.
Na semana que terminou em 30 de dezembro, a AAP contabilizou mais de 325 mil novas infecções nesse grupo. O número representa um salto de 64% em relação aos 199 mil registrados à semana de 23 de dezembro e quase o dobro dos casos confirmados nas duas semanas anteriores.
Desde o início da pandemia, segundo a AAP, quase 7,9 milhões de crianças foram infectadas pelo coronavírus. Desse total, 2,8 milhões (ou 35,4%) de casos foram registrados de setembro de 2021 para cá.
Embora o agravamento da Covid-19 entre crianças ainda seja raro, a preocupação é que elas possam atuar como transmissoras, muitas vezes assintomáticas, a grupos mais vulneráveis. O temor levou cidade como Chicago, Milwaukee, Atlanta e Detroit a suspender ou adiar a retomada das aulas presenciais após o recesso de fim de ano.
Se a alta de internações entre as crianças assusta, os números totais das hospitalizações por Covid-19 nos EUA são ainda mais alarmantes. O portal Our World in Data contabiliza 113.073 pacientes com coronavírus nos hospitais —número que se aproxima cada vez mais do pico de 133 mil registrado em janeiro do ano passado. Em 5 de novembro, os internados com Covid eram 40.944, o que indica um salto de 176% nas hospitalizações.
Os EUA também vêm batendo recordes consecutivos desde o Natal na média móvel de casos de Covid. O índice chegou a 574,7 mil nesta quarta —aumento de 686% em dois meses.
No mesmo período, a média de mortes (1222,71) cresceu 1,5%. Embora esteja bem longe dos picos de janeiro de 2021, quando morriam mais de 3.000 americanos com Covid por dia, o índice atual de mortes é mais de cinco vezes o que se via em julho, quando a curva de óbitos chegou a seu menor nível em decorrência da vacinação e das medidas de controle.