Uma mulher relatou os episódios de tortura e agressão que sofreu após flagrar o marido beijando outra, em Salvador (BA). O caso aconteceu no último domingo (21/11). Ariele de Almeida Rocha, de 36 anos, conta que levou socos no rosto, chutes na barriga, foi enforcada, imobilizado e teve a mão atingida por marteladas pelo marido.
O suspeito de tudo isso, Jonatha de Amorim Souza, de 36 anos, foi preso na última segunda-feira (22/11) pela Delegacia Especial de Atendimento À Mulher (Deam).
As agressões contra a vítima só terminaram quando vizinhos chamaram a Polícia Militar após ouvirem gritos de socorro. Os policiais ameaçaram arrombar a porta da casa, mas o suspeito deixou eles entraram. Ariele recordou o espancamento e disse que só retornou a consciência quando os militares chegaram ao local.
“Ele subiu na minha garganta e me enforcou. Eu perdi a consciência. Eu ouvi, bem longe, alguém dizendo ‘abre, abre a porta, vamos entrar aí’. Ele mesmo abriu a porta do apartamento. Foi aí que eu me levantei e saí correndo. E ele disse: ‘quero ser levado para a delegacia’”, contou Ariele.
Suspeito de agredir esposa após traição diz que lesões foram provocadas pro ela mesma
À polícia, Jonatha disse que apenas realizou a imobilização da esposa e que as lesões, presentes em vários pontos do corpo da mulher, foram provocadas por ela mesma.
O advogado de Ariele, Marcelo Sobral, pontua que a vítima ficou sem respirar e desmaiou. Ele relata que, no momento de desespero para acabar com a tortura, Ariele implorou para que o marido usasse a arma de fogo.
“Ele é praticante de Jiu-Jitsu, de MMA, assim como ele alegou no depoimento dele. Ele diz que ela que teria produzido as lesões que nós percebemos nas imagens, algo que realmente é difícil de explicar. Chegou um momento em que ela pediu para que ele usasse a arma de fogo, porque ela já não aguentava mais. Ele disse que não ia usar, porque ela ia morrer muito rápido”, relata o advogado da mulher.
O casal tem 19 anos de relacionamento, mas esse não teria sido o primeiro episódio de violência de Jonatha contra Ariele. Ela confessa que já sofreu empurrões e ofensas verbais por parte do marido.
Descobrindo a traição
Ela conta que eles saíram para jantar na noite de sábado (20/10) e ele levou uma amiga. Ele teria dito à ela que a “amiga” precisava de um apoio após o término recente de um relacionamento.
Em determinado momento, ela foi ao banheiro e, quando retornou, flagrou Jonatha e a “amiga” aos beijos.
“Fui questionar ele o que estava se passando, o que estava ocorrendo. Ele disse: ‘Me largue'”. conta Ariele. “Ele começou a dizer que era solteiro, sendo que nós temos 19 anos de relacionamento e 16 que moramos juntos. Nos conhecemos adolescentes, temos duas filhas, uma de 13 e uma de 8.”
Ela conta que eles foram expulsos do restaurante após uma calorosa discussão. Os três foram para o apartamento onde o casal morava. A amiga, inclusive, teria subido no elevador do prédio para tentar acalmar os ânimos. Ela já foi identificada e será intimada para depor.
“A amiga subiu no elevador, tentando acalmar”, conta a vítima. “Como não conseguiu, no meu andar, dentro do meu apartamento, começaram as discussões. Ela não conseguiu interferir e foi embora. As discussões foram acaloradas, começaram os espancamentos no rosto, no corpo, enforcamentos, chute.”
Ao advogado, a vítima conta que Jonatha teria tentado dar um tranquilizante para Ariele após as agressões com o objetivo de evitar que ela chamasse a polícia.
“Ele tentou colocar um tranquilizante da boca dela, para tentar fazer com que ela não chamasse a polícia, ela conseguiu derrubar uma mesa de vidro e gritar por socorro, foi aí que os vizinhos conseguiram ouvir e ligaram para polícia, e a Polícia Militar chegou rapidamente, fazendo com que a gente não noticiasse um feminicídio consumado”, revela.