Motoristas de aplicativo com ganhos semanais de R$ 1,2 mil a R$ 1,5 mil passaram a ter renda média de R$ 600 por semana com a pandemia do coronavírus em Goiânia. A nova realidade faz com que os trabalhadores devolvam carros alugados e tenham dificuldades para pagar as contas básicas. Números da Associação dos Motoristas de Aplicativo de Goiás (Amago) apontam que quedas de rendimento, com as medidas de isolamento social, chegaram a 90% nos últimos dois meses em viagens feitas na Região Metropolitana.
Com a diminuição do confinamento em Goiás nas últimas semanas, entretanto, houve registro de aumento tímido, de 20%. Ainda considerado insuficiente pelos trabalhadores. É o caso de Tales Pires, de 29 anos. Ele relata que antes da pandemia conseguia rendimentos em torno de R$ 2 mil por semana. Era o suficiente para pagar todos os encargos, aluguel do veículo e sobrava o suficiente para manter a casa. No entanto, o rendimento caiu drasticamente. Agora gira em torno de R$ 600.
“Havia deixado de alugar um carro e passei a financiar meu próprio veículo. Fui conseguir pagar a última parcela com muito esforço. Por sorte, a concessionária adiou a próxima parcela, que nem sei ainda como pagar”, afirma.
Tales diz que o mesmo acontece com colegas. Ele mantém um grupo de Whatsapp de monitoramento, localização e radiomonitoramento de motoristas por aplicativo chamado Gladiadores. Antes da pandemia havia 300 cadastrados. Agora são cerca de 200, já que muitos tiveram que devolver os carros para as locadoras.
“Fizemos uma arrecadação de cestas básicas e conseguimos 30. Não deu para quem quis. Pelo menos 60 motoristas do grupo se manifestaram para receber os alimentos justamente porque começa a faltar em casa”, lamenta.
Isolamento social
A Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla) aponta que 80% dos veículos alugados em todo o país já foram devolvidos por motoristas de aplicativo. No estado de Goiás, esse número chega a 70%. A queda é atribuída à diminuição na procura por viagens provocada pelas medidas de isolamento social.
O presidente da Amago, Leidson Alves, aponta que mesmo com a volta do comércio, a situação não melhorou para os motoristas de aplicativo. Um dos motivos apontados por ele é que a maior parte dos deslocamentos na Região Metropolitana é feita por estudantes ou em saída de festas e eventos.
Assim, muitos motoristas foram obrigados a pedir o auxílio emergencial de R$ 600 do Governo Federal. “Muitos fizeram o cadastro antes da determinação de que o auxílio não seria dado aos motoristas. Ainda assim, muitos não conseguiram receber”, aponta.
Eduardo Pinheiro
Do Mais Goiás | Em: 19/05/2020 às 13:05:48