Deputado afirma que articulação no Ceará era estratégica e que debate deveria ter ocorrido internamente

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que o apoio à candidatura de Ciro Gomes (PSDB) ao governo do Ceará fazia parte de uma estratégia eleitoral em um estado “dominado pela esquerda”, onde o PL busca viabilizar um nome ao Senado em 2026. Em vídeo publicado nesta terça-feira (3), após reunião que suspendeu a aliança, ele defendeu o movimento articulado pelo deputado André Fernandes, presidente estadual da sigla, e disse que a discordância tratada de forma pública expôs e constrangeu o parlamentar.

Segundo Eduardo Bolsonaro, a negociação com Ciro previa apoio do PL ao tucano para o governo estadual, em troca de sustentação a um candidato da legenda ao Senado. Ele destacou que o partido não tem prefeitos no Ceará e que a articulação buscava ampliar a presença da direita no estado.

O deputado afirmou que André Fernandes pediu autorização para iniciar o diálogo e não agiu sem comunicação prévia. Sem mencionar Michelle Bolsonaro, Eduardo classificou a crítica pública dirigida ao aliado como humilhante e defendeu que conflitos internos sejam resolvidos antes de qualquer manifestação externa.

Ele afirmou que, se a divergência tivesse sido tratada de forma reservada, Fernandes poderia explicar os motivos da movimentação e o partido construiria um anúncio conjunto. Eduardo disse que o episódio deve servir como lição e que novas situações semelhantes precisam ser discutidas internamente.

A crise teve início no domingo, quando Michelle Bolsonaro criticou a articulação durante evento de lançamento da candidatura do senador Eduardo Girão (PL-CE). Ela questionou o apoio a um adversário direto de Jair Bolsonaro e afirmou que não faria “aliança com quem ofende seu marido”.

As críticas foram rebatidas pelos filhos do ex-presidente. O senador Flávio Bolsonaro disse que Michelle “atropelou” o ex-presidente ao contestar uma movimentação que, segundo ele, havia sido autorizada. Carlos Bolsonaro afirmou nas redes sociais que a aproximação com Ciro teve aval do pai e que o grupo deveria manter unidade. Eduardo também classificou a reação a André Fernandes como injusta e desrespeitosa.

Nesta terça, após visitar Jair Bolsonaro na Superintendência da PF, Flávio afirmou que conversou com Michelle e que ambos pediram desculpas. A ex-primeira-dama manteve sua posição contrária à aliança e disse que tem o direito de expressar sua opinião sobre o apoio a um candidato “que xinga o meu marido o tempo todo”.