
Com Jair Bolsonaro preso e Michelle brigando em praça pública com os filhos do ex-presidente, o caminho se abre para que Zé Dirceu costure o palanque que pode garantir a Fernando Haddad o governo de São Paulo em 2026; a Lula a reeleição ao Planalto e a ele próprio a eleição para deputado federal — o que passou a chamar de “redenção”. Não apenas voltar à Câmara dos Deputados, mas presidi-la.
Para presidi-la, Dirceu trabalha para ser o deputado mais votado em SP. Para ser o mais votado, ele tem como cabo eleitoral Guilherme Boulos, nomeado ministro da Secretaria Geral justamente para ajudá-lo — com ajuda da máquina — a arrebanhar o eleitorado que garantiu ao ex-líder do MTST presença no segundo turno na disputa pela Prefeitura em 2024. Boulos obteve 2,1 milhões de votos; Dirceu sonha com metade disso.
Não se trata apenas de garantir o voto da esquerda, mas atrair o da centro-direita com promessas de mais direitos, como o ministro vem fazendo ao tentar aproximação com os motoboys de SP; categoria que, no ano passado, depositou seu voto num outsider carismático chamado Pablo Marçal.
Uma eleição potente, além de ajudar a ampliar a bancada do PT e da própria esquerda na Câmara, cacifará Dirceu para o comandá-la, um sonho para Lula 4 e um pesadelo para qualquer outro candidato da centro-direita: de Tarcísio de Freitas a Ratinho Jr. Um pesadelo também para qualquer eleitor brasileiro de bom senso, para qualquer cidadão pagador de impostos.
Dirceu tem pregado o controle do Congresso como caminho natural para aprofundar as reforças de caráter socialista implementadas por Lula 3; ampliando programas assistencialistas e aumentando impostos, empobrecendo segmentos sociais e setores econômicos que tradicionalmente apoiam a direita; o que inclui toda a classe média empreendedora.
Sem falar no wokismo aplicado à Justiça, na flexibilização do combate ao crime organizado e no reforço ao antiamericanismo arcaico. Se for bem sucedido num governo Tarcísio, por exemplo, Dirceu impedirá qualquer reforma do Estado com vistas a reduzi-lo, bloqueará privatizações e sabotará projetos que possam melhorar a eficiência dos serviços públicos e o ambiente de negócios.
Se for bem sucedido num governo Lula, Dirceu se cacifará para a Presidência da República em 2030, coroando sua trajetória política revolucionária, transformando o Brasil no quartel general do Foro de São Paulo e apagando qualquer vestígio histórico de suas condenações por corrupção — como já vem fazendo o companheiro Dias Toffoli, com ajuda dos colegas de STF.
A direita deveria estar preocupada com tudo isso, deveria avaliar formas de interromper o caminho de Dirceu e expor seu plano macabro. Não é uma tarefa simples, demanda muita energia e dedicação; não dá para combater o verdadeiro inimigo enquanto se engalfinha com aliados e até parentes.
