
Partido Popular mobiliza ato contra Pedro Sánchez e fala em “deterioração institucional sem precedentes”
Segundo o Partido Popular (PP), mais de 80 mil pessoas participaram neste domingo da manifestação contra o governo de Pedro Sánchez em Madrid. A delegação governamental estimou 40 mil participantes. A concentração ocorreu no entorno do Templo de Debod, dias após a prisão preventiva do ex-ministro socialista José Luis Ábalos e de seu ex-assessor Koldo García, investigados por suposto esquema de corrupção na compra de máscaras durante a pandemia.
Sob o lema “Efetivamente: máfia ou democracia?”, líderes do PP acusaram o governo de permitir uma deterioração institucional “sem precedentes”. No discurso, o presidente do partido, Alberto Núñez Feijóo, afirmou que o caso de Ábalos “não é um erro isolado” e declarou que “o sanchezismo é corrupção política, económica, institucional, social e moral”, pedindo que o primeiro-ministro “saia do governo”.
A prisão preventiva de Ábalos — o primeiro deputado nacional em exercício a passar por essa medida — teve repercussão imediata. A direção do PSOE expulsou o ex-ministro, embora ele mantenha o mandato como deputado não inscrito. Ele e Koldo García são investigados por suposto recebimento de comissões irregulares em contratos emergenciais de material sanitário. O “caso Koldo” permanece sob sigilo, com indícios apontados pelo juiz de suborno e tráfico de influência. Ambos negam as acusações.
As investigações, inicialmente centradas na compra de máscaras, ampliaram-se para possíveis irregularidades na adjudicação de contratos públicos. O juiz apura sobrepreços, má qualidade de material e a existência de uma rede que direcionava contratos para empresas específicas, atingindo administrações como as das Ilhas Canárias e Baleares.
Casos que cercam o entorno de Sánchez
O episódio reativou críticas sobre o círculo político do primeiro-ministro. A esposa de Sánchez, Begoña Gómez, é investigada por suposto tráfico de influência, corrupção empresarial, apropriação indevida, intromissão profissional e peculato em atividades acadêmicas e recomendações a empresas beneficiadas por contratos públicos.
Paralelamente, o irmão do premiê, David Sánchez, responde a um processo por alegada prevaricação administrativa e tráfico de influência envolvendo sua contratação na Diputación Foral de Badajoz. O julgamento está previsto para fevereiro de 2026.
A manifestação ocorre em meio ao aumento da pressão política sobre o governo. Para o PP, os casos demonstram um padrão de condutas irregulares no entorno presidencial. Já o governo afirma que se trata de uma ofensiva política baseada em processos ainda em curso.
A prisão preventiva de Ábalos marca um momento raro na política espanhola recente e adiciona mais tensão ao cenário nacional, com impacto direto na relação entre governo e oposição.
