
Departamento de Estado ligou para executivo da Coca e alertou sobre risco de sanções secundárias
O governo Trump cobrou explicações da Coca-Cola após a multinacional patrocinar o XXVI Congresso Nacional do Ministério Público, realizado entre 11 e 14 de novembro em Brasília, onde Alexandre de Moraes foi palestrante de destaque, informa o Metrópoles.
O ministro do STF foi sancionado pela Lei Magnitsky em julho de 2025 por perseguição contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados, o que colocou o apoio da empresa sob escrutínio interno nos Estados Unidos.
De acordo com o site, um alto funcionário do Departamento de Estado ligou diretamente para executivo da Coca, em tom de advertência, reprovando o patrocínio a evento que dá visibilidade ao ministro.
A Casa Branca entende que empresas com negócios no país não devem financiar atividades de alvos da Magnitsky, sob risco de sanções secundárias.
O caso ganhou peso por envolver uma companhia americana, mas o incômodo também atinge PicPay, Banco do Brasil, Caixa e Febraban, conforme apurado pelo Metrópoles.
“Pessoas e companhias que prestam ajuda, com apoio financeiro, a qualquer pessoa designada com a Lei Magnitsky podem estar sujeitas ao risco de sanções”, afirmou integrante do Departamento ao site.
O governo Trump planeja reforçar a fiscalização da Magnitsky no Brasil, identificando brechas em instituições financeiras e big techs. O endurecimento ampliaria o isolamento de Moraes e da esposa, Viviane Barci de Moraes – sancionada em setembro –, com bloqueio de serviços dessas empresas.
O telefonema à Coca-Cola foi uma comunicação informal para evitar que a empresa incorra em negligência. Punições globais por descumprimentos anteriores ainda estão em curso.
Em nota ao Metrópoles, a empresa afirmou que é parceira institucional da Conamp há vários anos, sem participação na escolha de palestrantes nem conhecimento prévio da lista, e que o apoio teve “o único objetivo de fomentar o diálogo sobre temas de interesse público e relevância social”.
No dia 17, o portal Claudio Dantas noticiou que a participação de Moraes no congresso “coloca o evento, seus organizadores e patrocinadores sob risco de enquadramento por ‘auxílio material’”. A Magnitsky prevê bloqueio de bens, proibição de entrada nos EUA e veto a transações econômicas com sancionados, incluindo penalidades secundárias a quem forneça “fundos, bens ou serviços” que contribuam para sua reabilitação pública.
