
Tensão no Congresso complica LDO, LOA e análise de vetos na reta final do ano
A relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, entrou em rota de colisão depois da escolha do ministro da AGU, Jorge Messias, para ocupar a vaga deixada por Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal.
O anúncio feito sem consulta prévia ao senador do União Brasil do Amapá encerrou o período de sintonia fina entre os dois e abriu uma crise política em um momento crítico para o governo no Congresso.
Alcolumbre, que articulou votações importantes a favor do Planalto desde o início do mandato, queria ver o senador Rodrigo Pacheco indicado ao STF.
Irritado por ter sido ignorado por Lula, passou a dar sinais claros de distanciamento: parou de conversar com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, e tem dito a aliados que vai pautar projetos “ruins para o Planalto” nas próximas semanas.
O problema aumenta justamente quando o governo já enfrentava dificuldades na Câmara, sob a presidência de Hugo Motta. Com pouca abertura na Casa Baixa, o Senado funcionava como ponto de equilíbrio para Lula, função que agora está comprometida.
Crise dupla: Planalto perde Alcolumbre e não avança com Mottafoto: Senado
O desgaste ocorre às vésperas de votações decisivas. O Congresso ainda precisa aprovar a LDO e a LOA para organizar o Orçamento de 2026, ano eleitoral.
Além disso, está prevista para quinta-feira (27) uma sessão de análise dos vetos de Lula à Lei do Licenciamento Ambiental, tema sensível para a base ruralista e para parlamentares independentes.
Na Câmara, a situação também é delicada. Motta criticou abertamente a atuação do governo no debate do PL Antifacção, aprovado em 18 de novembro sem o apoio da base governista. O presidente da Câmara afirma que o Planalto tentou desgastar a imagem da Casa ao se posicionar contra o relatório do deputado Guilherme Derrite.
A relação com o PT acabou de vez: Motta rompeu com o líder do partido, Lindbergh Farias, que já havia declarado que o governo vive uma “crise de confiança” com o chefe da Câmara.
