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Advogado Nelson Wilians recusa juramento pela verdade e silencia em CPMI do INSS
Por Silvio Cassiano - SiCa
Publicado em 19/09/2025 13:14
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O advogado Nelson Wilians se recusou a prestar o compromisso de dizer a verdade durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, nesta quinta-feira (18), na condição de testemunha. Investigado pela Polícia Federal (PF) por suposto envolvimento em esquema de descontos irregulares em aposentadorias, Wilians obteve habeas corpus do ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe garantiu o direito de permanecer em silêncio e de não assumir o compromisso legal.

 

Apesar da permissão judicial, o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), ofereceu a oportunidade para que o advogado assumisse o compromisso de forma voluntária — o que foi recusado.

 

 

“Este que aqui está, assim como todos, abomina o que aconteceu. É abominação. Lesar um aposentado já é, por si só, um crime gravíssimo”, afirmou Wilians em sua declaração inicial. A partir de então, passou a repetir que não possui relação com os fatos investigados. “Reafirmo que nada tenho a ver com o objeto desta CPMI”, disse diante das perguntas.

 

Relatórios da Polícia Federal apontam que Nelson Wilians movimentou R$ 4,3 bilhões em transações suspeitas entre 2019 e 2023. A investigação liga o advogado a Maurício Camisotti — apontado como figura-chave no esquema — e ao empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, suspeito de articular entidades utilizadas para descontos irregulares em aposentadorias.

 

Embora Wilians tenha negado conhecer Antunes e descrito Camisotti como um ex-cliente e amigo pessoal, a PF vê indícios de que a relação entre os dois ultrapassa os limites de uma atuação profissional. A corporação afirma que o advogado continuou repassando valores a Camisotti mesmo após o início das investigações.

 

 

“As justificativas apresentadas variam entre alegadas operações imobiliárias – inexistentes nos bancos de dados oficiais – e supostos honorários adiantados, os quais não foram identificados nas contas pessoais ou empresariais de ambos”, diz relatório da PF. Segundo os investigadores, não há lastro para a suposta compra de um imóvel mencionada por Wilians.

 

A Ambec (Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos), apontada como uma das principais beneficiárias dos descontos fraudulentos, é suspeita de ser controlada por laranjas ligados a Camisotti. A associação teria movimentado R$ 231,3 milhões e figura como parte central do esquema, que, de acordo com estimativas da Polícia Federal, pode ter movimentado mais de R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024.

 

 

A PF sustenta que Wilians demonstrou interesse em obter informações sobre a investigação e o classifica como um possível elo na circulação de valores ilícitos. “Nelson Wilians figura como possível beneficiário dos descontos associativos da Ambec”, diz o relatório.

 

Durante a sessão, o relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), questionou o advogado sobre doações de campanha feitas por ele, perguntando se teriam como objetivo influenciar decisões políticas. Wilians negou qualquer intenção nesse sentido, mas a partir da pergunta passou a adotar uma postura mais impaciente, limitando-se a reiterar que não tem ligação com os fatos apurados.

 

 

A CPI do INSS apura a atuação de entidades de fachada que teriam descontado indevidamente valores de benefícios de aposentados e pensionistas, sem consentimento dos titulares. Parte dos recursos teria sido desviada por meio de contratos fictícios e triangulações financeiras envolvendo empresas, escritórios de advocacia e associações.

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