
Líderes partidários na Câmara, da oposição ao centrão, trabalham em silêncio desde o início da semana na contagem de votos para aprovar o projeto que pode anistiar os presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023. As planilhas internas indicam um cenário otimista: 300 votos garantidos, número suficiente para aprovar a proposta com folga.
Embora o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), negue publicamente qualquer articulação, a pressão existe. A movimentação começou ainda durante a ocupação da Mesa Diretora da Câmara e do Senado e pode resultar na votação já em setembro.
O empurrão final veio na segunda-feira (1º), quando o deputado Arthur Lira (PP-AL), ainda com forte influência no centrão, visitou o ex-presidente Jair Bolsonaro. A reunião foi interpretada como a “senha” para o projeto andar.
A cúpula do Congresso, no entanto, aguarda a conclusão de outro processo: o julgamento de Bolsonaro no STF, marcado para encerrar na próxima sexta-feira (12). A avaliação é que não faz sentido pautar o projeto enquanto a Corte julga o ex-presidente.
O projeto de anistia, capitaneado pelo PL, já conta com apoio de uma frente ampla que inclui PSD, União Brasil, PP, MDB, PSDB, Republicanos, Novo e outras legendas. Uma articulação que atravessa governo e oposição — e mostra que o tema é tratado mais como ajuste político do que como divergência ideológica.
Se confirmada a vitória na votação da anistia, líderes da oposição querem pressionar Motta a colocar outro tema explosivo em pauta: o fim do foro privilegiado. A depender da costura, a Câmara pode transformar setembro em um mês de derrotas seguidas para o Supremo Tribunal Federal.
