
A derrota do governo na instalação da CPMI do INSS acendeu o sinal vermelho no Palácio do Planalto. Segundo interlocutores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou diretamente de Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e do líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), uma reação imediata para blindar seu mandato do desgaste político que pode ser provocado pelas investigações.
Nos bastidores, Lula avaliou que a ausência de parlamentares aliados na primeira reunião da comissão — o que abriu espaço para a oposição eleger o senador Carlos Viana (Podemos-MG) como presidente e o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) como relator — foi resultado de falhas de articulação e de disciplina. O episódio foi classificado como um “erro primário” e teria causado forte irritação no presidente.
A partir de agora, o recado é claro: nenhuma ausência será tolerada. Gleisi orientou deputados e senadores da base a cancelarem viagens oficiais e adiarem compromissos pessoais para garantir quórum integral nas votações da CPMI. Lula também teria exigido relatórios periódicos sobre cada sessão, para acompanhar de perto o desempenho da base.
Randolfe, que já havia admitido a responsabilidade pela derrota e colocado o cargo à disposição, recebeu uma segunda missão: recompor a tropa e construir maioria sólida em votações estratégicas, especialmente na análise de requerimentos de convocação. A prioridade do Planalto é evitar que a comissão se transforme em palanque para a oposição atacar Lula diretamente.
Entre os alvos mais sensíveis está o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, que ocupava a pasta quando vieram à tona as denúncias de descontos fraudulentos em aposentadorias e pensões. A avaliação interna é de que uma eventual convocação de Lupi colocaria o governo na defensiva logo no início dos trabalhos da comissão.
Com funcionamento previsto de até seis meses, a CPMI é vista pelo Planalto como um campo minado: pode gerar desgaste prolongado na imagem do presidente, em um momento em que o governo tenta recuperar apoio no Congresso e nas ruas. Por isso, a ordem de Lula é simples e direta: blindagem total.
