
Em sua maior liberação semanal de emendas parlamentares em 2025, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembolsou R$ 1,6 bilhão a congressistas entre os dias 23 e 27 de maio — período que coincidiu com a derrubada, pelo Congresso, do decreto que aumentava o IOF. Segundo levantamento do portal Metrópoles, 38,91% dos repasses ocorreram por meio de rubricas de baixa transparência.
Entre os pagamentos, R$ 650 milhões foram destinados a emendas de relator, comissões temáticas e bancadas estaduais. Parte desses recursos integra o chamado “orçamento secreto original”, já considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas ainda com valores de exercícios anteriores sendo executados. As demais transferências se encaixam no que já é conhecido em Brasília como “orçamento secreto 2.0”, por repetir os vícios de opacidade do modelo anterior com roupagem renovada.Brasília Tourism
Nestes tipos de repasse, a autoria da emenda permanece obscura, impedindo a identificação dos parlamentares beneficiados e dificultando qualquer controle social sobre o uso dos recursos públicos.
A distribuição também privilegiou bancadas estaduais, como a de Roraima (R$ 22,2 milhões) e da Bahia (R$ 18,6 milhões), além de R$ 326,5 milhões em comissões cujas emendas sequer têm execução obrigatória.
O gesto do Planalto ocorre num momento crítico da relação com o Congresso. A derrubada do aumento do IOF foi interpretada como uma derrota estratégica do Executivo, que vinha sendo alertado sobre o enfraquecimento de sua articulação política.
Segundo fontes do próprio governo, o revés compromete o equilíbrio fiscal e pode forçar o bloqueio de até R$ 12 bilhões no orçamento. Deste montante, R$ 3 bilhões em emendas parlamentares correm o risco de não sair da gaveta.
