
A gestão do ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), está na mira do Tribunal de Contas da União (TCU) por suspeitas de irregularidade em dois contratos milionários para a compra de insulina humana. Segundo denúncia enviada ao órgão de controle, o ministério teria burlado o edital da licitação ao fechar os contratos em dólar com a empresa GlobalX Technology Limited, sediada em Hong Kong — medida que pode gerar um sobrepreço de até R$ 50 milhões aos cofres públicos.
O caso envolve o pregão eletrônico nº 90104/24, que previa expressamente que os contratos deveriam ser firmados em reais. Apesar disso, o Ministério da Saúde fechou dois contratos no valor de US$ 52,2 milhões cada, totalizando cerca de R$ 600 milhões ao câmbio utilizado (R$ 5,46 por dólar). A conversão eleva significativamente os custos frente à proposta original.
A denúncia sustenta que a contratação em moeda estrangeira viola o princípio da vinculação ao instrumento convocatório e dribla exigências legais. O próprio pregoeiro da licitação, em consulta pública no sistema ComprasGov, confirmou que os valores deveriam ser apresentados e pagos exclusivamente em reais.
A empresa vencedora, GlobalX, tem sede em Hong Kong e, segundo informações preliminares, não possui histórico de fornecimento direto ao Sistema Único de Saúde (SUS), o que também levantou alertas entre auditores.
O relator da denúncia no TCU é o ministro Aroldo Cedraz, que já determinou análise preliminar do caso. A depender do parecer técnico, o tribunal poderá determinar a suspensão dos contratos e abertura de processo para apurar eventual dano ao erário.
A polêmica se soma ao desgaste recente de Padilha, acusado por opositores de comandar um novo “orçamento secreto” dentro da pasta, com liberação de verbas privilegiando redutos eleitorais de aliados políticos.
