
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira (4) que está aberto a uma solução “diplomática” para a gu3rra na Ucrânia. A declaração foi feita em uma ligação telefônica com o Papa Leão XIV, num raro gesto de aproximação com o Vaticano, que vem sendo apontado como possível mediador nas conversas de paz.
Apesar do tom conciliatório, o conteúdo da conversa reforça a posição intransigente do Kremlin. Segundo nota oficial, Putin acusou o governo de Kiev de promover uma escalada deliberada do conflito e citou ataques contra infraestruturas civis em território russo, incluindo explosões em ferrovias e atentados com drones contra aviões militares e a ponte da Crimeia.
“O regime de Kiev aposta na escalada do conflito e realiza ações de sabotagem”, disse o comunicado.
“Para alcançar uma solução definitiva, justa e abrangente da crise, é necessário eliminar suas causas profundas.”
Na prática, isso significa que Moscou mantém suas exigências máximas, entre elas:
Retirada total das tropas ucranianas de quatro regiões ocupadas;
Reconhecimento da anexação russa desses territórios;
E a renúncia da Ucrânia à adesão à Otan.
Do lado ucraniano, a condição é clara: cessar-fogo incondicional e retirada russa. Para Moscou, isso representaria apenas uma pausa para que Kiev se rearmasse com apoio do Ocidente — uma tese repetida para justificar a continuidade da ofensiva militar.
Enquanto isso, ataques se intensificam. A Ucrânia reivindicou nas últimas semanas ações contra alvos estratégicos dentro da Rússia, incluindo danos a bombardeiros estratégicos e atentados com explosivos que deixaram mortos e feridos. Moscou vê esses movimentos como provocação direta e retalia com bombardeios em áreas civis e infraestrutura crítica na Ucrânia.
O telefonema com o Papa é, portanto, menos uma abertura de diálogo e mais uma tentativa russa de reforçar sua narrativa diplomática, enquanto os fatos em campo apontam para um conflito cada vez mais arraigado.
