Enquanto aposentados lesados pela maior fraude do INSS esperam pela instalação de uma CPI, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), prefere priorizar acenos políticos: Motta confirmou interesse em participar nesta sexta-feira (9) de um evento organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em São Paulo.

O encontro será realizado na 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, evento no qual movimentos de invasão de terras se exibem com apoio institucional de ministros do governo Lula e parlamentares da esquerda radical.

A assessoria de Motta diz que a presença ainda está “a confirmar”, mas o gesto é claro: para o presidente da Câmara, a aproximação com o MST tem mais valor do que a investigação das denúncias de corrupção bilionária que sangram a Previdência e prejudicam aposentados.

Hugo Motta justificou a ausência de CPIs alegando que já existem 12 pedidos protocolados — mas nenhuma comissão foi instalada até agora, mesmo com o regimento permitindo a criação de cinco CPIs simultâneas.

Entre os pedidos parados está a CPI para investigar fraudes no INSS, onde descontos ilegais atingiram milhares de aposentados e podem ter causado um prejuízo superior a R$ 90 bilhões, segundo estimativas da CGU.

A prioridade, no entanto, parece outra: tirar selfies com líderes do MST ao lado de deputados do PSOL, PCdoB e do PT, além de ministros como Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), figuras centrais na estratégia de fortalecimento político dos movimentos de invasão.

Na prática, Hugo Motta sinaliza que prefere prestigiar quem desafia a lei com ocupações e invasões do que se comprometer em apurar fraudes contra aposentados — o público mais vulnerável do sistema.

O MST, organizador da feira, comercializará cerca de 500 toneladas de alimentos provenientes de acampamentos e assentamentos — muitos em áreas de litígio e invadidas.

Enquanto isso, aposentados vítimas de descontos irregulares continuam à espera de uma resposta concreta da Câmara.

Se Motta comparecer ao evento, marcará a primeira vez que um presidente da Câmara legitima, com sua presença, um grande evento nacional do MST.