(Via Folha de São Paulo) A vereadora Cris Monteiro (Novo) fez uma declaração considerada racista por servidores municipais que protestavam na Câmara de São Paulo nesta terça-feira (29). A categoria se manifestava contra a proposta do prefeito Ricardo Nunes (MDB) que dividiu em duas parcelas anuais o índice de reajuste salarial dos trabalhadores.
Após ser interrompida por vaias de funcionários públicos que acompanhavam a sessão na galeria, a vereadora afirmou que incomodava o grupo por ser “uma mulher branca, bonita e rica”. Alguns dos manifestantes eram pardos e pretos.
“Quando vocês [vereadores de oposição] falaram, ninguém [nas galerias] se manifestou. Agora, quando vem uma mulher branca aqui falar a verdade para vocês, vocês ficam todos nervosos. Por quê? Por que uma mulher branca, bonita e rica incomoda muito vocês, mas eu estou aqui representando uma parte importante da população que me elegeu”, disse Cris Monteiro, que faz parte da base de apoio de Nunes.
A frase provocou intensa discussão entre os vereadores, protestos do público, e a sessão foi interrompida por alguns minutos.
No retorno, a vereadora pediu desculpas e afirmou que não pretendia ofender.
O presidente da Câmara, vereador Ricardo Teixeira (União Brasil), afirmou que a fala foi analisada e que ele considerou que não houve racismo.
Mais adiante, os vereadores Rubinho Nunes (União) e Toninho Vespoli (PSOL) trocaram agressões.
Rubinho tentou tirar um cartaz das mãos de Vespoli, que o puxou de volta e bateu com o papel nas costas de Rubinho. O cartaz dizia “vagabundagem é vereador que quer lacrar na internet”.
Ao longo da sessão, diversos vereadores favoráveis à proposta governista chamaram professores, que estão em greve, de vagabundos.
Houve ainda um princípio de tumulto do lado de fora da Câmara e policiais usaram gás de pimenta contra manifestantes.
