A juíza Hannah Dugan, do Tribunal Federal de Milwaukee, Wisconsin, foi presa nesta sexta-feira (25) pelo FBI sob a acusação de obstrução de uma operação de imigração, após supostamente interferir na tentativa de prisão de um imigrante ilegal por agentes federais. O anúncio foi feito diretamente pelo diretor da agência, Kash Patel, indicado ao cargo pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Segundo o FBI, Dugan teria orientado que agentes do tribunal liberassem Eduardo Flores Ruiz, um imigrante mexicano que estava no local para uma audiência e era alvo de mandado do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA). Após a suposta interferência, Ruiz fugiu do local e foi capturado posteriormente em uma perseguição a pé.

“Acreditamos que a juíza Dugan intencionalmente desviou agentes federais do indivíduo a ser preso em seu tribunal, permitindo que escapasse da prisão”, afirmou Patel.

A prisão da juíza foi confirmada por um porta-voz do tribunal.

Se fosse no Brasil…

Se um episódio semelhante ocorresse no Brasil, seria equivalente à Polícia Federal prender um juiz federal por interpretar a lei de forma desfavorável ao Executivo — um cenário que soaria quase como ficção jurídica. A ideia de policiais federais, sob comando direto do governo, entrando em um tribunal para prender um magistrado por “obstrução” em uma decisão envolvendo um réu, abriria um precedente institucional explosivo, com potenciais impactos diretos sobre a independência do Judiciário.

No contexto brasileiro, onde o equilíbrio entre os Poderes já enfrenta atritos recorrentes, uma ação dessa natureza levantaria acusações de abuso de autoridade, perseguição política e violação da separação dos poderes, além de provocar crises diplomáticas e protestos no meio jurídico.

A prisão de Dugan, embora realizada sob acusação formal, é vista por críticos como parte de um movimento de endurecimento judicial impulsionado pelo governo Trump, especialmente em temas relacionados à imigração e à atuação de juízes que possam contrariar interesses federais.

A nomeação de Kash Patel ao comando do FBI por Trump já havia causado desconforto entre democratas, que alegaram o ‘risco de uso político da polícia federal americana’.