
Bacharel em Serviço Social, a mulher vítima de feminicídio dentro de um atacadista na Avenida Perimetral Norte, em Goiânia, fazia trabalho voluntário com mulheres em situação de violência. Silvia Barros Marinho, 61 anos, atuava há dois anos como estagiária no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) da região Noroeste.
Uma amiga que não quis se identificar desabafou sobre o sentimento de frustração e incredulidade que tomou conta da equipe após o crime cometido na quinta-feira (24/4). “É uma situação muito difícil de acreditar. A gente aqui ainda não caiu a ficha, sabe? Nós lidamos todos os dias com os impactos da violência na vida das pessoas, na vida das família. E a Silvia estava aqui com a gente, lidando com isso também”, relatou.
A mulher integrava a equipe responsável por acompanhar vítimas de violação de direitos — crianças, adolescentes, adultos e idosos vítimas de negligência, abandono, abuso sexual, violência psicológica e física.
“Quando uma coisa dessas acontece com uma das nossas é muito difícil. A gente trabalha para enfrentar a violência e de repente ela bate à porta da gente. A sensação é de frustração. A gente tenta combater, tenta ajudar, tenta transformar… e no fim, uma das nossas é levada pela própria violência contra a mulher. Dói demais”, lamentou a colega.
Em nota ao Mais Goiás, a Secretaria de Políticas para as Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos (Semasdh) informou que Silvia começou a atuar como voluntária no CREAS Noroeste após concluir seu estágio. A Secretaria destacou que Silvia era muito profissional em suas atividades e que nunca houve reclamações sobre seu trabalho.
Feminicídio em atacadista
Silvia e Valdinez Borges de Oliveira, de 62 anos, viveram juntos por 36 anos e estavam separados há cerca de quatro meses. Segundo a Polícia Civil, ele não aceitava o fim do relacionamento. Não havia registros de denúncias, ameaças ou medidas protetivas anteriores. O homem entrou no local em que a ex trabalhava e a matou com tiros. Ele tirou a própria vida em seguida.
Nesta sexta-feira (25), Silvia está sendo velada desde as 5h da manhã, e o enterro está previsto para as 13h30, no Cemitério Vale do Cerrado. Ela será sepultada no mesmo horário que o ex-companheiro autor do crime, que tirou a própria vida após cometer o crime.
O caso é investigado pela Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH). A arma usada no crime não pertencia a Valdinez, e o proprietário já foi identificado para prestar esclarecimentos.
Leia na íntegra a nota encaminhada pela Semasdh:
“A Semasdh informa que Silvia atuava como voluntária no Creas Noroeste, após a conclusão do seu período de estágio. Ela desempenhava suas atividades de forma profissional e não havia reclamações sobre sua atuação.”
