
Na última semana, a cantora e apresentadora Jojo Todynho, 28, provocou um intenso debate nas redes sociais ao questionar o comportamento de brasileiros que defendem publicamente o Sistema Único de Saúde (SUS), mas optam por não utilizá-lo. Em vídeo publicado em seu perfil no Instagram, onde reúne mais de 30 milhões de seguidores, Jojo afirmou estar cansada da “hipocrisia dos que exaltam o SUS, mas recorrem à saúde privada quando precisam de atendimento”.
A crítica da artista — direta e incisiva — gerou forte repercussão. Além de ser alvo de comentários de figuras públicas como o ex-BBB e enfermeiro Cezar Black e a apresentadora Cariúcha, Jojo recebeu uma resposta institucional do Ministério da Saúde, que escolheu rebater as declarações com tom de ironia, usando bordões da própria influenciadora e até fazendo trocadilhos com seu nome artístico.
“Que mico foi esse?”, publicou o Ministério nas redes oficiais, em uma peça de comunicação que misturou humor e crítica. “Surgiu na internet uma crítica todinha errada ao SUS, mas logo veio a resposta, toda natural, bonita pra caramba e corretíssima”, acrescentou o texto, fazendo referência direta à fala de Jojo e enaltecendo a defesa feita por Cariúcha.
O Ministério ainda reafirmou que “só fala bem do SUS quem não usa” é uma afirmação incorreta, citando pesquisas que indicam maior aprovação do sistema entre seus usuários frequentes. A publicação oficial elencou uma série de serviços de saúde e vigilância sanitária que fazem parte do SUS — como vacinação, SAMU, controle de qualidade da água, fiscalização de alimentos e regulação de medicamentos — e concluiu com o reforço de que o sistema é gratuito, universal e referência internacional.
Ainda que o conteúdo informativo da resposta governamental seja relevante, o tom adotado gerou questionamentos entre especialistas em comunicação pública e usuários do sistema. Para alguns, a reação foi desproporcional ao conteúdo do vídeo original, que não negava a importância do SUS, mas sim levantava uma reflexão sobre sua eficácia prática e a dissonância entre discurso e experiência.
Jojo, conhecida por seu posicionamento firme e espontâneo, abriu um espaço legítimo de discussão sobre como o sistema é percebido e utilizado pela população. Sua crítica, embora incômoda, toca em uma ferida real: o desequilíbrio entre idealização institucional e os desafios enfrentados por milhões de brasileiros que, todos os dias, lidam com sobrecarga, demora e carência de estrutura.
Enquanto o Ministério aposta na linguagem de memes para se defender, a artista preferiu a franqueza para levantar um ponto relevante: defender o SUS é necessário, mas reconhecer suas limitações e exigir melhorias também faz parte da responsabilidade cidadã.
Leia, abaixo, a resposta do Ministério da Saúde:
“Que mico foi esse? Surgiu na internet uma crítica todinha errada ao SUS, mas logo veio a resposta, toda natural, bonita pra caramba e corretíssima”, publicou o setor governamental responsável pela administração e manutenção da Saúde pública no Brasil. “‘Só fala bem do SUS quem não usa‘. Essa afirmação é mentirosa. Segundo pesquisas, o SUS é melhor avaliado por quem mais o utiliza. E, além disso, na prática, mesmo quem tem plano de saúde usa o SUS. Veja os exemplos”, postou o órgão do governo.
Chamou uma ambulância do SAMU? Você usa o SUS. O atendimento de urgência e emergência faz parte da rede SUS;
Recebeu ou doou sangue ou órgãos? Você usa o SUS. A doação de sangue e órgãos no Brasil é organizada e garantida pelo SUS, com segurança, rastreabilidade e acesso universal a quem precisa;
Tomou vacina? Você usa o SUS. O Programa Nacional de Imunizações é referência mundial — e é do SUS!; viajou de ônibus ou avião? Você usa o SUS. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do SUS, atua nos portos, aeroportos e fronteiras para evitar a entrada e expansão de doenças vindas do exterior;
Comprou comida? Você usa o SUS. É dever do SUS, através da Anvisa, fazer a fiscalização da qualidade dos alimentos oferecidos em qualquer estabelecimento;
Foi na farmácia? Você usa o SUS. Para ser vendido, o medicamento precisa ter autorização da Anvisa, que garante a qualidade dos medicamentos ofertados em todas as farmácias do país;
Bebeu água? Você usa o SUS. Se você recebe água própria para consumo em sua casa é graças aos SUS. A distribuição de água para consumo humano é garantida pelo Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano.
Após enumerar todas as atribuições do SUS, o Ministério da Saúde concluiu: “Referência no Brasil, inspiração para o mundo. Além de assistir assistência de canto a canto do país, o SUS tem iniciativas de referência internacional, como a Estratégia de Saúde da Família, as ações de combate ao HIV/Aids e o programa de controle do tabagismo. O SUS também tem inspirado outros países, como o Reino Unido, que avalia implantar estratégia relacionada à Saúde da Família, com atuação de agentes nas comunidades. O SUS é para todos nós! Mesmo quando você não percebe, o SUS está lá! Gratuito, universal e essencial.”
