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Correios bancam R$ 4 milhões em turnê de Gilberto Gil enquanto enfrentam rombo bilionário, plano de saúde suspenso e ameaça de greve
Por Silvio Cassiano - SiCa
Publicado em 08/04/2025 13:06
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A crise financeira dos Correios não impediu a estatal de investir R$ 4 milhões em patrocínio master da nova turnê do cantor Gilberto Gil, que estreou no fim de março. O patrocínio gerou forte revolta entre os servidores, que enfrentam um cenário de déficit bilionário, descredenciamento do plano de saúde e atrasos nos pagamentos a transportadores. Para os funcionários da empresa, a iniciativa soa como um deboche institucional: enquanto os trabalhadores denunciam cortes e atrasos, a estatal aparece como patrocinadora ao lado de marcas como Rolex, promovendo shows com ingressos de até R$ 1.530 — mais do que o salário mínimo atual de R$ 1.518.

 

Segundo os próprios Correios, o prejuízo já soma R$ 2,2 bilhões só em 2025. Ainda assim, a direção da empresa defende o patrocínio como uma ação de reposicionamento de marca, apostando no prestígio cultural para tentar reverter a imagem de uma estatal sucateada. O problema, segundo os trabalhadores, é que a tentativa de “embelezar a fachada” vem em meio a um colapso operacional e funcional.

 

 

Plano de saúde suspenso e serviços à beira do colapso

Paralelamente ao anúncio do patrocínio milionário, o plano de saúde dos servidores foi parcialmente descredenciado, com atendimentos suspensos por falta de repasses. A estatal alega que está em “tratativas” para reverter a situação, mas o clima entre os funcionários é de revolta e insegurança.

 

Em meio a essa crise, cresce a ameaça de greve nacional, impulsionada não só pela perda do benefício de saúde, mas também por atrasos nos pagamentos de fornecedores e transportadores. Os Correios parecem, para os servidores, à beira de uma paralisação completa — enquanto tocam jazz e MPB em palcos luxuosos.

 

Ingressos para poucos, insatisfação de muitos

Os preços dos ingressos da turnê são outro ponto de atrito. Chegam a R$ 1.530 por entrada, em clara contradição com o discurso de inclusão cultural e acessibilidade. Para muitos trabalhadores, o patrocínio de um evento com esses valores simboliza o afastamento da estatal de sua base popular e operária. “O pobre paga, mas não assiste”, resume um servidor da empresa.

 

 

Não é a primeira vez que os Correios são criticados por gastos considerados excessivos. No início do ano, a estatal bancou R$ 1,3 milhão no “Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas”, em Brasília, evento político que teve a presença do presidente Lula, com discursos voltados à base municipalista e aliados recém-eleitos. A combinação de eventos culturais e políticos bancados por uma empresa em crise está alimentando desconfiança generalizada entre os servidores, que veem a empresa se transformando num instrumento de marketing político-cultural às custas de seus próprios direitos.

 

Correios em crise, mas com luz de camarim

A narrativa de “reposicionamento de marca” pode agradar aos marqueteiros, mas soa vazia para quem vê a estatal perdendo credibilidade, estrutura e funcionalidade. Para os trabalhadores, a lógica atual parece ser: sem plano de saúde, sem reajuste, mas com patrocínio de show caro para plateia VIP.

 

 

A pergunta que fica é: quantos milhões mais a estatal vai precisar gastar com imagem antes de lembrar que ainda precisa entregar cartas — e cuidar de quem faz isso todos os dias?

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