Publicado em 13/03/2025 por Silvio Cassiano - SiCa
O tio de Flávio dos Santos Neri é o principal suspeito do desaparecimento da família em Alvorada do Norte, Entorno do Distrito Federal. Testemunhas relatam que Flávio vinha enfrentando desentendimentos familiares desde que passou a morar na chácara do avô, juntamente com sua esposa Jéssica Cristina de Assis e a filha Nayra Gabrielly. A Polícia Civil investiga um possível envolvimento do suspeito em uma disputa por terras.
A família está desaparecida desde dezembro de 2024. Após corpos terem sido encontrados na propriedade na última terça-feira (11/3) as investigações foram intensificadas. De acordo com a Polícia Civil, apenas um laudo pericial pode determinar se as ossadas são dos familiares de Flávio.
Tio teria ameaçado familiares antes do desaparecimento em Alvorada do Norte
Em entrevista ao Mais Goiás, a irmã de Flávio, Luiza Santos, revelou que ele relatou que havia sido ameaçado pelo tio paterno, que não aceitava a presença deles na chácara.
“Antes da minha mãe falecer, o Flávio sempre passava as férias na chácara do avô dele. Depois que ela morreu, ele foi morar lá. Aí, ele começou a cuidar dos animais e ficou morando com o avô. Depois, ele conheceu a Jéssica, casou e tiveram uma filha. Eles resolveram ir morar na chácara do avô, porque não queriam mais pagar aluguel”, contou Luiza.
Ela ainda explicou que, enquanto o avô de Flávio estava tranquilo com a mudança, o tio dele não aceitava a presença da família na propriedade. “O tio do Flávio não queria que eles morassem lá de jeito nenhum. Já tinha rolado uma discussão antes, mas mesmo assim, o Flávio e a Jéssica decidiram ficar lá até o bebê nascer”, disse. Jéssica tem outros dois filhos de um relacionamento anterior que moram com a avó paterna.
No dia 17 de dezembro de 2024, Flávio e Jéssica visitaram Luiza e falaram sobre as dificuldades que estavam enfrentando no local. “Eles acabaram indo para a roça e, nesse mesmo dia, depois de umas compras em Planaltina, me pediram um dinheiro emprestado para o transporte, pois haviam perdido o ônibus que os levaria até as terras do avô. Depois disso, nunca mais tivemos contato com eles”, afirmou Luiza.
Ela também revelou que o tio de Flávio teria feito ameaças. “Uma testemunha disse que ele [o tio] jurou que, se o Flávio aparecesse lá, ele mataria ele e a família toda”, lembrou.
Irmã tentou contato com família por 2 meses antes de descobrir desaparecimento
Após o desaparecimento, Luiza tentou diversas vezes entrar em contato com o irmão, mas não obteve sucesso. “A gente achou que talvez estivesse sem sinal, mas depois de um tempo, comecei a desconfiar. Fui atrás e, em fevereiro de 2025, descobri que estavam desaparecidos. Aí, registrei o boletim de ocorrência”, contou.
Luiza falou sobre o comportamento das pessoas envolvidas. “Uma amiga me disse que meu irmão estava desaparecido, então fui falar com a avó do Flávio, que afirmou que ele tinha pegado as coisas e ido embora, mas isso não fazia sentido, pois tinham acabado de chegar lá. Depois, falei com a família da Jéssica e ninguém sabia de nada. Comecei a achar tudo muito estranho”, relatou.
A polícia encontrou os corpos enterrados na propriedade rural e investiga as circunstâncias da morte da família. “Agora, com tudo que aconteceu, eu sei que tem algo errado. Só quero saber o que aconteceu com meu irmão, minha cunhada e minha sobrinha.”
A Polícia Civil classificou o caso como homicídio e investiga uma possível disputa familiar pelo terreno onde a família morava. A propriedade, localizada em um assentamento rural da cidade, pertence ao avô de Flávio. De acordo com o delegado Thiago Farias, tudo será apurado, e a polícia segue colhendo depoimentos para esclarecer as circunstâncias do desaparecimento. Ele ainda aguarda a confirmação do laudo do Instituto Médico Legal para confirmar se os corpos encontrados são realmente da família, que segue desaparecida, apesar de documentos terem sido encontrados junto aos corpos.
