Uma operação do Ministério Público prendeu o líder de uma organização criminosa e bloqueou cerca de R$ 150 milhões de esquema de jogos de azar, agiotagem e lavagem de dinheiro. Ao todo, foram cumpridos 42 mandados judiciais em diferentes estados, sendo 5 em Goiânia (GO), 12 em Londrina (PR), 2 em Cambé (PR), 1 em Brasília (DF), 4 em Itapema (SC) e 1 em Balneário Camboriú (SC) na quinta-feira (30/1).
A ação, parte da Operação Las Vegas, levou à prisão do líder do grupo; à aplicação de 14 medidas restritivas e ao bloqueio de quase R$ 150 milhões em bens e valores ligados à organização. Além disso, a Justiça determinou o sequestro de 236 veículos, 18 imóveis e o bloqueio de contas bancárias dos investigados. A operação foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Paraná, com apoio dos Gaecos de Goiás, Distrito Federal e Santa Catarina, além da Polícia Civil de Goiás.
Mandados em Goiânia
Em Goiânia, segundo o Ministério Público de Goiás, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão, dois de intimação e uma notificação de medida cautelar contra uma empresa suspeita de envolvimento no esquema. Em Londrina, no Paraná, principal base do grupo, foram 12 mandados de busca e apreensão, enquanto outras ações ocorreram em Cambé, Brasília, Itapema e Balneário Camboriú.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Paraná coordenou as investigações, contando com o apoio dos Gaecos de Goiás, Distrito Federal e Santa Catarina, além da Polícia Civil de Goiás. As medidas foram autorizadas pelo Juízo da 5ª Vara Criminal de Londrina.
Esquema milionário de de jogos de azar e lavagem de dinheiro
As investigações apontam que o grupo criminoso operava de maneira estruturada, funcionando como uma empresa especializada na exploração de jogos ilegais, como jogo do bicho e apostas clandestinas, com ramificações em diversos estados. Para expandir sua atuação, os integrantes desenvolveram uma plataforma tecnológica para gestão e controle dos jogos de azar, que era disponibilizada a outros grupos criminosos em diferentes regiões do país.
Uma das planilhas obtidas pelo Gaeco revelou que, em apenas um mês, o sistema movimentou uma renda bruta de mais de R$ 40 milhões, atendendo 81 clientes espalhados pelo Brasil.
O dinheiro obtido com a atividade ilegal era lavado de diversas formas, incluindo:
Locadoras de veículos, que permitiam a compra e venda de carros de luxo para encobrir a origem dos recursos ilícitos;
Empresas de fachada, registradas em nome de investigados e de “laranjas” para mascarar movimentações financeiras;
Uma casa lotérica, utilizada para ocultação de valores em espécie;
Aquisição de imóveis de alto padrão e cotas de consórcios, além de grandes movimentações de dinheiro vivo.
As investigações indicam que criminosos condenados por tráfico de drogas, receptação e furto também se beneficiavam do esquema, utilizando as locadoras de veículos para “esquentar” dinheiro ilícito.
Líder da organização ficou foragido nos Estados Unidos
Antes de ser preso na quinta-feira (30/1), o líder do esquema criminoso ficou foragido nos EUA. Ele conseguiu retomar para o Brasil e expandir suas atividades, atuando em todo o país. Em novembro de 2023, três dias após o Gaeco do Paraná deflagrar a Operação Engenho, que resultou na prisão de ao menos dois membros responsáveis pelo setor de lavagem de dinheiro do grupo, o homem fugiu para os Estados Unidos junto com familiares.
Atualmente, ao menos quatro investigados, todos pertencentes ao núcleo familiar do líder, seguem foragidos no território norte-americano.
Apoio da PRF e investigação sobre servidor
A operação também contou com a participação da Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que cumpriu um mandado de busca e apreensão contra um servidor da instituição suspeito de ligação com o grupo criminoso. As investigações seguem em andamento para identificar outros envolvidos e possíveis ramificações do esquema no Brasil e no exterior.