A Venezuela anunciou nesta segunda-feira (6/1) o rompimento de relações diplomáticas com o Paraguai. A decisão, tomada a quatro dias da posse presidencial venezuelana, foi comunicada pelo Ministério das Relações Exteriores do país, que criticou declarações recentes do presidente paraguaio, Santiago Peña.
Em nota oficial, a chancelaria venezuelana classificou as ações de Peña como uma interferência nos assuntos internos da Venezuela, agravando as tensões diplomáticas entre os dois países.
O estopim para a crise diplomática foi uma conversa entre Santiago Peña e Edmundo González, principal opositor do governo de Nicolás Maduro, realizada no domingo (5/1). González promete retornar à Venezuela e assumir a presidência do país na próxima sexta-feira (10/1), mesmo diante de uma ordem de prisão contra ele e de uma recompensa de US$ 100 milhões oferecida pelo governo venezuelano por sua captura.
Na conversa, Peña também dialogou com María Corina Machado, outra importante figura da oposição. O presidente paraguaio declarou apoio à vitória de González nas eleições de julho passado, amplamente contestadas pelo governo de Maduro.
“Reafirmei o meu apoio à democracia e à vitória de González Urrutia como presidente, lembrando que análises internacionais independentes confirmaram sua ampla vitória nas eleições presidenciais”, escreveu Peña em suas redes sociais. Ele ainda defendeu a necessidade de união na região para evitar regimes autoritários e destacou o compromisso do Paraguai com a restauração democrática na Venezuela.
O regime de Nicolás Maduro reagiu rapidamente, ordenando a retirada de todo o corpo diplomático paraguaio de Caracas. A medida reflete a insatisfação do governo venezuelano com a aproximação do Paraguai à oposição liderada por González.
Maduro tem enfrentado críticas crescentes tanto no cenário doméstico quanto internacional. A escalada da crise diplomática com o Paraguai é mais um elemento que expõe o isolamento de seu governo em relação a países vizinhos que apoiam a transição democrática na Venezuela.