Um levantamento do portal Metrópoles revelou que deputados federais destinaram mais de R$ 171 milhões em emendas de transferência especial — conhecidas como “emendas Pix” — a prefeituras comandadas por parentes diretos, como pais, filhos, irmãos ou cônjuges, em 2024. A prática, apesar de legal, levanta questões éticas devido à falta de fiscalização e à concentração de recursos em famílias com poder político.
Entre os casos destacados, está o município de Coari, no interior do Amazonas. A cidade recebeu R$ 18,4 milhões por indicação do deputado Adail Filho (Republicanos), que é primo do prefeito Keitton Pinheiro (PP). Adail Filho, em seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, é herdeiro político de seu pai, Adail Pinheiro, ex-prefeito de Coari, afastado por decisão judicial.
Outro exemplo ocorre em Tucuruí, no Pará, onde a prefeitura recebeu R$ 16,8 milhões em emendas indicadas pela deputada Andreia Siqueira (MDB). Ela é esposa do prefeito Alexandre Siqueira (MDB), consolidando mais uma transferência direta de recursos para um núcleo político-familiar.
As chamadas “emendas Pix” permitem que parlamentares transfiram verbas diretamente a estados e municípios sem a necessidade de convênios, projetos ou aprovação técnica do governo federal. Em 2024, ano eleitoral, a modalidade ganhou prioridade no orçamento, evidenciando a urgência de um debate sobre sua regulamentação.
O levantamento do Metrópoles, com base no portal Siga Brasil, investigou o vínculo entre os autores das emendas e os gestores municipais beneficiados. Os dados, coletados até 16 de dezembro, revelam que a prática de destinar recursos a cidades governadas por parentes é recorrente, envolvendo 20 municípios brasileiros.