(Folhapress) A Venezuela vai processar um policial argentino por supostas ligações com terrorismo internacional, de acordo com um comunicado do procurador-geral Tarek Saab desta sexta-feira (27).
O governo argentino afirma que Nahuel Agustín Gallo, 33, foi preso no dia 8 de dezembro ao entrar no país vindo da Colômbia para visitar sua esposa e seu filho, que faz dois anos em janeiro.
No entanto, Saab afirmou em um comunicado que ele havia “tentado entrar irregularmente (…) ocultando seu verdadeiro plano criminoso sob o pretexto de uma visita sentimental”.
O policial está sendo investigado “por sua ligação a um grupo de pessoas que tentaram, a partir do nosso território e com o apoio de grupos da extrema-direita internacional, executar uma série de ações desestabilizadoras e terroristas”, afirmou.
Gallo também será acusado de “conspiração” e “associação para delinquir”, informou o procurador.
Javier Milei, presidente argentino, classificou de “sequestro” a prisão de Gallo e chamou Nicolás Maduro de “ditador criminoso”.
Em uma coletiva de imprensa com a família de Gallo na sexta à tarde, o Ministro das Relações Exteriores da Argentina, Gerardo Werthein, chamou as acusações de “grande mentira” e disse que a Argentina estava fazendo tudo que estava ao alcance para resolver a situação.
A Ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, disse que Gallo entrou na Venezuela com toda a documentação necessária e que tinha uma passagem de volta.
“Sua entrada foi completamente legalizada. O que não está de acordo com a lei é como o sequestraram na fronteira”, disse Bullrich, acrescentando que Gallo tinha uma passagem de volta e estava visitando a Venezuela para ver seu filho durante seu tempo livre.
O governo argentino já havia dito que a detenção ocorreu “sem motivo legítimo algum”.
A relação diplomática entre Venezuela e Argentina já era tensa, mas se rompeu de vez por decisão de Caracas quando Milei não reconheceu a reeleição de Maduro em 28 de julho para um terceiro mandato consecutivo de seis anos.
Um dia após a contestada reeleição, o regime expulsou funcionários diplomáticos argentinos do país.
O Brasil, então, assumiu os cuidados da sede e, portanto, de seis opositores venezuelanos que estavam asilados na embaixada desde março. A ditadura tentou retirar a gestão brasileira do prédio, mas Brasília se opôs.
A prisão de Gallo ocorreu em meados de dezembro, na mesma semana em que o chanceler argentino, Gerardo Werthein, exigiu ao ditador Nicolás Maduro, perante a Organização dos Estados Americanos (OEA), que conceda salvo-condutos aos asilados.
Com a embaixada cercada por agentes da ditadura de Maduro, os altos integrantes da campanha dos opositores Edmundo González e María Corina Machado dizem que há franco-atiradores ao redor do prédio, encapuzados e camuflados.
O grupo relata ter começado a racionar energia, água e mantimentos. Há três semanas os cortes se tornaram constantes. O espaço tem um gerador elétrico, mas o receio é de que a carga termine. Interrupções no fornecimento de água também tiveram início, e o acesso de pessoas à embaixada, para levar mantimentos, tem sido dificultado.