Jair Bolsonaro reagiu com críticas contundentes ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após ser indiciado pela Polícia Federal (PF) por suspeita de envolvimento em um “planejamento de golpe de Estado” após as eleições de 2022. Em conversa telefônica com o Metrópoles, o ex-presidente acusou Moraes de conduzir o processo de forma parcial e com abuso de autoridade.

“O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, afirmou Bolsonaro, que ainda prometeu contestar o caso na Procuradoria-Geral da República (PGR).

O ex-presidente indicou que aguarda avaliação de sua defesa antes de se manifestar sobre o conteúdo completo do inquérito. “Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, declarou.

A expressão “criatividade” mencionada por Bolsonaro é uma alusão a mensagens trocadas em 2021 entre Airton Vieira, juiz auxiliar de Moraes, e Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na ocasião, Vieira sugeriu: “Use a sua criatividade rsrsrs” ao discutir dificuldades em formalizar uma denúncia contra a revista Oeste.

Bolsonaro foi indiciado ao lado de outros 36 investigados, incluindo militares e ex-assessores, por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Entre as acusações estão o uso de estruturas públicas para minar a democracia e planos que incluíam ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao próprio Alexandre de Moraes.