A expectativa pela divulgação das medidas de ajuste fiscal no orçamento federal aumentou nesta sexta-feira (8/11), com uma reunião crucial marcada entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua equipe ministerial no Palácio do Planalto. O encontro visa finalizar os detalhes da proposta de revisão de gastos que pode incluir cortes robustos, algo amplamente cobrado pelo mercado financeiro. Enquanto isso, vozes da esquerda começam a se levantar contra possíveis mudanças.
Gleisi Hoffmann, presidente do PT, tem usado as redes sociais para criticar qualquer movimento que ameace direitos dos trabalhadores e aposentados. Em suas declarações, Gleisi destacou os “juros estratosféricos” impostos pelo Banco Central, apontando que esses ajustes prejudicam a população mais vulnerável. Somando-se a essa posição, o senador Paulo Paim (RS) também criticou possíveis cortes em programas sociais, que ele considera um retrocesso.
“A retirada de investimentos em programas sociais e a redução da política de salário mínimo são inaceitáveis para a população trabalhadora e para os aposentados”, afirmou Paim, reforçando que políticas assim ignoram as necessidades dos mais necessitados.
A resistência dentro do próprio partido de Lula sinaliza uma pressão crescente sobre o governo, que precisa equilibrar a responsabilidade fiscal com o compromisso social. Integrantes da base aliada também manifestaram incômodo por não serem consultados nas discussões de ajuste, o que gerou insatisfação e pedidos por mais transparência.
O mercado financeiro, por sua vez, reagiu com cautela às especulações sobre cortes no orçamento, especialmente após a reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos, que trouxe uma incerteza adicional ao cenário internacional. Rumores de cortes entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões em áreas sensíveis, como saúde e transporte, criaram tensão nas operações de quinta-feira (7/11), mesmo com a relativa estabilidade observada ao longo da semana.
Em resposta às especulações, o Ministério da Fazenda emitiu uma nota desmentindo esses números, afirmando que ainda não há decisão concreta e que as negociações seguem entre o governo e as equipes econômicas. No entanto, analistas interpretaram a nota como uma indicação de que o impacto fiscal pode ser mais profundo do que inicialmente projetado.
Com o cenário cada vez mais polarizado, o governo enfrenta o desafio de avançar com uma proposta que consiga, ao mesmo tempo, responder às demandas do mercado e acalmar a base progressista, especialmente em áreas fundamentais como saúde e proteção social.