Em meio às repercussões globais sobre a recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, o ministro do  Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou que a mudança no comando da Casa Branca “em nada mudará” sua forma de atuar no Judiciário brasileiro. Durante conversas reservadas realizadas nesta quarta-feira (6/11), Moraes garantiu que a eleição do republicano não afetará sua condução nos inquéritos em curso, que envolvem tanto o ex-presidente Jair Bolsonaro quanto o empresário Elon Musk, aliados e defensores do norte-americano.

Entretanto, aliados bolsonaristas no Congresso enxergam na vitória de Trump uma oportunidade para reverter a inegibilidade de Bolsonaro no Brasil. Segundo parlamentares que apoiam o ex-presidente, o Judiciário brasileiro poderia recuar na decisão de inelegibilidade de Bolsonaro, temendo um desgaste diplomático nas relações com o governo dos Estados Unidos.

A situação envolve também o próprio Moraes, que enfrenta um ambiente de tensão crescente. Musk, conhecido por seu apoio a Trump, já se manifestou publicamente contra o ministro, chegando a chamá-lo de “tirano maligno”. Nos bastidores, aliados do republicano estariam pressionando congressistas para propor sanções a autoridades estrangeiras que, segundo eles, “violam a liberdade de expressão”, com base na Primeira Emenda da Constituição dos EUA.

Outro ponto de preocupação é o risco de cancelamento do visto de Moraes para os Estados Unidos, possibilidade que antes era vista apenas como especulação. Essa tensão faz parte de uma ofensiva maior contra o ministro, que envolve tanto o novo governo Trump quanto apoiadores de Bolsonaro, que mantêm esperança de que a volta do republicano ao poder favoreça juridicamente o ex-presidente brasileiro.

A expectativa é de que, com o Congresso dos Estados Unidos sob maioria republicana, o projeto que prevê punições a autoridades estrangeiras que “atentem contra a liberdade de expressão” avance, impulsionado por parlamentares alinhados com Trump. Em resposta a essas movimentações, Moraes reafirma que continuará com suas decisões e inquéritos “sem mudanças”, indicando que a pressão internacional não afetará sua conduta jurídica.