A Justiça Federal do Distrito Federal (DF) suspendeu nesta terça-feira, 8 de outubro, o processo administrativo disciplinar da Corregedoria da Polícia Federal envolvendo o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que atualmente ocupa o cargo de delegado da PF. A decisão foi tomada pela juíza Luciana Raquel Tolentino de Moura, da 7ª Vara do Distrito Federal.
Na decisão, a magistrada destacou que, “sem adentrar ao mérito da culpabilidade do investigado, constata-se que se privilegiou o depoimento do delegado-geral da PF, que havia representado pela prisão do autor pelos mesmos fatos, em detrimento de diversos outros depoimentos favoráveis ao investigado, que foram quase completamente ignorados, o que acrescenta mais suspeitas sobre toda a comissão”.
Além disso, a juíza Luciana Moura apontou que algumas provas relevantes foram desconsideradas pela comissão responsável pelo processo. Entre elas, mencionou o relatório elaborado por Ricardo Cappelli, então interventor federal, que analisou os eventos de 8 de janeiro de 2023 e concluiu pela inexistência de omissão por parte do órgão de gestão da segurança pública no DF. Segundo a magistrada, o relatório foi “completamente ignorado” pela comissão que avaliava o caso.
Com esses argumentos, a juíza deferiu o pedido de suspensão apresentado pela defesa de Anderson Torres. Em julho, a defesa já havia solicitado à Corregedoria da PF a suspensão do processo, alegando a parcialidade do delegado Clyton Eustáquio Xavier, que conduzia a investigação.
Anderson Torres, que é delegado da Polícia Federal há 20 anos, enfrenta processos que podem resultar em sua demissão da corporação. As acusações contra ele incluem a alegação de que teria “manchado a imagem da instituição” após ser preso em meio às investigações sobre os eventos de janeiro de 2023.