O gabinete do procurador-geral da Venezuela solicitou à Justiça, nesta segunda-feira (2), a emissão de uma ordem de prisão contra Edmundo González, de 75 anos, o candidato que representou a coalizão opositora na eleição em que Nicolás Maduro foi declarado vencedor. O pedido de prisão foi feito após González ignorar, pela terceira vez, uma intimação judicial para prestar depoimento em uma investigação criminal iniciada após denúncias de fraude no pleito.
A audiência mais recente estava marcada para sexta-feira (30), dia em que a Venezuela enfrentou um apagão em todo o país. González, que assumiu a candidatura da oposição após a líder da coalizão, María Corina Machado, ser impedida de concorrer, foi inicialmente intimado no dia 23 de agosto. Ele tem criticado o Ministério Público, afirmando que atua como um “acusador político” e que ele seria submetido a um processo “sem garantias de independência ou devido processo legal” se comparecesse à audiência.
Em resposta, o Ministério Público advertiu que a ausência de González seria interpretada como “risco de fuga e de obstrução”, justificando assim a emissão do mandado de prisão. O ex-diplomata é acusado de uma série de crimes, incluindo fraude de documentos, associação criminosa, conspiração, delitos informáticos e instigação à desobediência das leis. Essas acusações estão relacionadas à criação e manutenção de um site que reúne atas da votação, usado pela oposição para reivindicar sua vitória.
De acordo com as informações publicadas no site, González teria vencido a eleição com mais de 7,3 milhões de votos (67%), enquanto Maduro teria obtido 3,3 milhões (30%). Organizações internacionais independentes confirmaram a veracidade dos documentos divulgados no site, e alguns países chegaram a reconhecer González como o legítimo presidente eleito da Venezuela.
No entanto, o governo venezuelano, que ainda não divulgou as atas oficiais apesar da pressão internacional, alega que os documentos publicados pela oposição são falsos e declara Maduro como o vencedor com 52% dos votos, contra 43% de González.
Desde 30 de julho, quando participou de uma manifestação contra o regime, González não aparece em público, limitando suas ações às redes sociais por medo de represálias. A situação coloca em evidência o crescente tensionamento político na Venezuela e o papel controverso do sistema judicial no país.