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Alcaraz vence Roland Garros e quebra mais um recorde no tênis
Esportes
Publicado em 10/06/2024

ANDRÉ FONTENELLE

PARIS, FRANÇA, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O espanhol Carlos Alcaraz, 21 anos e 1 mês, tornou-se o mais jovem tenista a conquistar torneios do Grand Slam em três pisos diferentes – saibro, grama e piso duro. Ele derrotou o alemão Alexander Zverev, 27, na final do Aberto da França, com parciais de 6/3, 2/6, 5/7, 6/1 e 6/2, em mais de quatro horas de partida.

 

É o terceiro Grand Slam da carreira de “Carlitos”, depois do Aberto dos EUA (quadra dura) de 2022 e do torneio de Wimbledon (grama) em 2023. Sua vitória reforça a hegemonia dos espanhóis no saibro parisiense neste século. Desde 2001, são dezoito títulos, dentre eles quatorze de Rafael Nadal e até mesmo um do próprio treinador de Alcaraz, Juan Carlos Ferrero.

 

O espanhol passou do terceiro para o segundo lugar no ranking da ATP, a associação dos tenistas profissionais. O novo líder da lista é o italiano Jannik Sinner, derrotado por Alcaraz na semifinal. Os dois superaram o número um anterior, o sérvio Novak Djokovic, que abandonou o torneio nas quartas de final devido a uma lesão no joelho direito.

 

Zverev, um dos tenistas mais talentosos do circuito, continua sua escrita de insucessos no Grand Slam. Na única final anterior que disputou, a do Aberto dos EUA de 2020, ele perdeu de virada para o austríaco Dominic Thiem, um jogo que vencia por dois sets a zero.

 

A partida deste domingo, cheia de reviravoltas, tinha mesmo que terminar em cinco sets. Ora Alcaraz parecia caminhar para a vitória, ora o domínio era de Zverev. Se o espanhol cometia muitos erros no revés, compensava com os golpes de direita e com sua marca registrada, as deixadinhas. O alemão, por sua vez, contava com o saque como principal arma.

 

Ambos chegaram à final buscando um acerto de contas com incidentes ocorridos em semifinais passadas de Roland Garros. Em 2022, Zverev deixou a quadra central em uma cadeira de rodas, devido a uma grave lesão no tornozelo direito, quando enfrentava Rafael Nadal. Alcaraz, por sua vez, perdeu no ano passado para o sérvio Novak Djokovic devido a cãibras provocadas pelo nervosismo, como ele mesmo admitiu.

 

O espanhol chegou a Paris recuperando-se de uma lesão no antebraço direito. Disputou todo o torneio usando um manguito protetor, como fazem muitos jogadores profissionais de basquete. Garantiu, porém, que jogou sem dores.

 

Nervosos, os dois finalistas perderam o primeiro game de saque. Zverev trocou de raquete depois de apenas dois pontos jogados – duas duplas faltas. Em um primeiro set de poucas bolas vencedoras, Zverev foi quebrado mais duas vezes e perdeu por 6/3.

 

No quinto game do segundo set, Zverev conseguiu quebrar o saque do adversário, depois de um ponto em que o vento forte levantou uma nuvem de saibro do piso da quadra. O alemão ganhou confiança. Começaram os gritos de “Sascha! Sascha!”, apelido de Zverev. Sacando bem, ele fechou o set em 6/2.

 

O terceiro set foi cheio de oscilações. A dinâmica do jogo continuou favorável ao alemão no início. O espanhol tentou mudar de estratégia. Subiu mais à rede e abusou das deixadinhas. Isso desestabilizou Zverev, que permitiu a quebra no sexto game. Quando parecia que Sacando para fechar, porém, Alcaraz subiu mal à rede duas vezes e permitiu a devolução da quebra – e a virada de Zverev.

 

No segundo game do quarto set, Zverev começou a se deixar levar pelos nervos. Errou um golpe de vista e irritou-se com uma marcação de bola fora. Alcaraz aproveitou-se para quebrar o serviço do alemão e retomar as rédeas da partida. Zverev entrou em parafuso, cometeu duplas faltas e foi quebrado de novo. Vencendo por 4/0, Alcaraz sentiu a coxa esquerda, foi quebrado por Zverev e pediu atendimento médico.

O fantasma da cãibra do ano passado voltou a assombrar o espanhol, mas ele conseguiu fechar a série em 6/1. O coro “Carlos! Carlos!” passou a dominar a quadra.

 

No último set, Alcaraz conseguiu a quebra no terceiro game, graças a uma sequência de erros de Zverev: dois voleios relativamente fáceis, uma dupla falta, um revés longo demais. Zverev continuou a cometer erros e a reclamar das marcações do árbitro francês Renaud Lichtenstein. Mais sereno, Alcaraz fechou o jogo em 6/2.

 

Alcaraz e Zverev devem estar de volta a Roland Garros dentro de um mês e meio, para a disputa do torneio olímpico de tênis. O alemão é o atual detentor do título, tendo conquistado a medalha de ouro em Tóquio-2021. A presença, na tribuna de honra, do alemão Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional, era um lembrete da proximidade dos Jogos.

 

O jogo também foi marcado pelo mau comportamento de alguns espectadores, interrompendo os jogadores na hora do saque ou se manifestando durante os pontos.

 

Um grupo de brasileiros sentados abaixo da tribuna de imprensa se divertia com as jogadas em andamento, gritando “boa”, “vai” e “fora”, ou até tirando selfies. Durante o torneio, foi proibido entrar nas arquibancadas com bebidas alcoólicas, devido a comportamentos inconvenientes nas partidas. Um dos brasileiros gabou-se por violar a norma, entrando com champanhe dentro de um copo de café: “Você me faz desrespeitar as regras”, disse a outro.

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