A prestigiada revista britânica The Economist criticou diretamente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, relacionadas à sua recente decisão que envolve Elon Musk, proprietário do Twitter/X. A publicação descreve o STF como um “poderoso” órgão judicial.
Segundo a revista, o episódio começou quando Musk revelou que Moraes havia determinado a exclusão de contas populares brasileiras no Twitter/X, sob pena de multas significativas. “Alexandre de Moraes abriu então um inquérito contra Elon Musk por obstrução à Justiça”, reporta a revista, após o qual Musk acusou o magistrado de exercer uma censura mais severa do que em qualquer outro país em que a plataforma atua, rotulando Moraes de “ditador”, e clamando por seu impeachment e julgamento.
A matéria da The Economist aponta que a controvérsia evidencia dois grandes temas: o poder substancial da Suprema Corte brasileira sobre os cidadãos do país e o desafio de regular as redes sociais mantendo a liberdade de expressão, com o Brasil como um campo de batalha crucial neste debate.
A publicação também recorda outra decisão de Moraes que resultou na prisão do deputado federal Daniel Silveira por ofensas verbais aos membros do tribunal, destacando a dificuldade de recorrer dessas decisões.
Ademais, foi mencionado que Moraes autorizou operações de busca e apreensão nas residências de oito empresários, além do congelamento de suas contas bancárias e suspensão de suas redes sociais.
Em entrevista à The Economist, o advogado criminalista Davi Tangerino criticou o que chamou de “inquérito interminável e sem âmbito definido”, algo que, segundo ele, fere os princípios do Estado de Direito.
Por fim, a revista dialogou com o filósofo e professor da Universidade de São Paulo (USP), Pablo Ortellado, que ecoou as preocupações levantadas. Ortellado ressaltou a falta de transparência nas ações de Moraes, destacando a incerteza sobre o número de contas afetadas, os motivos e a duração das suspensões.