Chuvas em Goiânia chegaram com o goianiense sentindo um misto de alegria e medo. A felicidade se explica pela boa aliviada que a água proporcionou no calor infernal que estávamos vivendo. Não era moleza encarar aquelas temperaturas insalubres pra tocar o dia. Já o sentimento de temor se deu pela violência das tempestades e suas consequências brutais pra cidade: árvores derrubadas, postes no chão, energia e internet ausentes, ruas que viraram córregos, carros que pareciam lanchas. 

A real é que nem Noé com sua arca teria condições de enfrentar de boas a fúria das águas de Goiânia desse novembro.

A humanidade não fez sua parte e estamos colhendo os frutos de mais de século de irresponsabilidade ambiental atolando a atmosfera de CO2. E não dá pra dizer que fizemos melhor aqui em Goiânia. Muito pelo contrário.

Aterramos nascentes, construímos até as margens dos córregos, poluímos os cursos d’água, asfaltamos ruas, impermeabilizamos calçadas, rebaixamos o lençol freático, concretamos quintais, arrancamos árvores, passamos cabos de energia sobre nossas cabeças. 

Aquilo que não tinha como dar certo, veja só você, deu muito errado. Nossa, que surpresa!

E olhando adiante não dá para ser esperançoso. Não há mudança de hábitos em curso para que estes problemas sejam contornados em Goiânia. Também o ser humano não quer largar o comodismo proporcionado pela energia oriunda do petróleo pra viver.

Prepare-se, goianiense. Será preciso estar atento e forte pra dar conta dessa estação chuvosa. Ventos fortes, trovoadas e alagamentos por toda cidade até a seca chegar. Teremos longos meses adiante.