O Ministério Público de Goiás (MPGO) deve propor um acordo a Camilla Maria Barbosa, uma moradora de Morrinhos de 27 anos suspeita de fingir ter câncer para aplicar golpes. Ela foi indiciada por estelionato.
Como não houve uso de violência no crime, o órgão não oferecerá denúncia, caso a mulher aceite os termos. De acordo com a promotora Josiny Ferreira Figueiredo, para o acordo, a suspeita precisará assumir o crime e ressarcir as vítimas, além de prestar serviços à comunidade ou prestação pecuniária. “Nossa legislação coloca que, em alguns casos, quando a pessoa é primária e o crime foi praticado sem violência contra a pessoa, e a pena está em termos que a legislação permite, o MP pode oferecer um acordo de não persecução penal.”
Advogado de Camilla, Warley Divino da Silva Pires disse ao Mais Goiás que não tem conhecimento desta proposta “pelas vias de intimação”. Ainda segundo ele, não haverá aceite em “hipótese alguma”. “Haja vista que não há materialidade delitiva aos olhos da defesa. Eu, como advogado, e com o aval dela, em hipótese alguma aceitaria esse acordo.”
Ele argumenta que aceitar o acordo pressupõe assumir culpa. “Se ela aceitar, estaria indo contra todos os princípios. Temos total certeza que conseguiremos a absolvição”, finaliza.
Relembre o caso da mulher suspeita de fingir câncer
Segundo as autoridades, Camilla fazia rifas e campanhas para arrecadar dinheiro para um tratamento de câncer de mama. Contudo, a Polícia Civil não verificou nenhum documento comprovava que ela tinha a doença.
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Para arrecadar dinheiro, conforme a corporação, ela dizia ser portadora de câncer de mama, com metástase no pulmão e intestino, e divulgava fotos em macas de hospital, segurando remédios e até vídeos, onde ela aparece raspando os cabelos. Ainda de acordo com a Polícia Civil, diversas vítimas foram até a delegacia, relataram que ajudaram Camilla financeiramente, para que ela conseguisse comprar remédios e realizar exames, mas que começaram a desconfiar da veracidade da sua doença.
Durante interrogatório, a acusada afirmou que teria a doença e que inclusive iniciou o tratamento no Hospital Araújo Jorge, onde fez sete sessões de quimioterapia, mas que o hospital havia perdido seu prontuário médico e encerrou seu tratamento.
Entretanto, o Hospital Araújo Jorge informou que a mulher não é e nunca foi paciente naquele hospital. Os responsáveis pela unidade relataram diversas situações em que Camilla foi até local, onde foi flagrada tirando fotos em uma maca no setor de quimioterapia e até chegaram a retirá-la da instituição.
Em uma operação de busca e apreensão feita na casa de Camilla, a polícia apreendeu diversos documentos e exames, mas em nenhum deles, constatava que que ela possua câncer. Ela também não conseguiu apresentar qualquer exame ou laudo médico que afirmasse o diagnóstico da doença.