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Talibã ateou fogo a uma mulher por ‘cozinhar mal’, diz ativista afegã
Mundo
Publicado em 24/08/2021

Membros do grupo fundamentalista islâmico Talibã teriam ateado fogo a uma mulher acusada de “cozinhar mal” para os combatentes. Segundo a ativista e ex-juíza afegã Najla Ayoubi disse à emissora britânica Sky News, esses homens “estão forçando as pessoas a dar comida e cozinhar para eles”.

 

Em entrevista na última sexta-feira (20), ela também afirmou que muitas mulheres no Afeganistão estariam se escondendo e fugindo para não serem forçadas à escravidão sexual. Isso porque, para elas, não há como sair da região.

 

“Além disso, há tantas mulheres jovens nas últimas semanas sendo enviadas para países vizinhos em caixões para serem usadas como escravas sexuais”, contou.

 

Ayoubi vive exilada nos Estados Unidos após deixar o país quando o Talibã começou a retomar o controle do Afeganistão. Ela disse que tem coletado relatos de espancamentos, chicotadas e outros ataques violentos contra mulheres a partir de “milhares e centenas de colegas ativistas” que ainda estão na região.

 

Ainda segundo a ex-juíza e ativista, o grupo fundamentalista também força as famílias a casar suas filhas com combatentes do Talibã. Segundo ela, é impossível ver “a promessa de que eles acham que as mulheres deveriam trabalhar, quando estamos vendo todas essas atrocidades.”

 

Former Afghan judge Najla Ayoubi says she had to “flee” for her life from the Taliban after speaking in favour of women and women’s rights.

Preocupação com as mulheres

Os Estados Unidos, a União Europeia e vários outros países, disseram estar “profundamente preocupados” com a situação de mulheres e meninas no Afeganistão. Por isso, pediram ao grupo fundamentalista que evitem “discriminações e abusos” garantam a proteção e os direitos delas.

 

Na última semana, uma afegã feminista afirmou não saber se vai sobreviver. A jovem de 25 anos, que concedeu entrevista ao UOL em inglês, diz ter se tornado uma prisioneira dentro da própria casa em Cabul, capital afegã. Com o grupo extremista no poder, vê uma possível fuga do país como a sua última esperança.

 

Em outro episódio, a repórter afegã Nazira Karimi se emocionou ao comentar a crise que afeta o seu país e questionar o futuro das mulheres.

 

Isso porque o grupo tem uma interpretação radical da “lei islâmica” para as mulheres. O grupo disse, em um comunicado, que as mulheres poderão trabalhar e estudar “dentro de nossas estruturas”. Para entender o que isso significa é preciso, primeiro, conhecer a chamada “sharia”.

 

Quando estiveram no poder, entre 1996 e 2001, o Talibã as proibia de sair de casa sem a companhia de um homem e sem usar burca – veste que cobre todo o corpo. Àquela época, elas também foram proibidas de trabalhar, e a educação foi restringida para meninas com mais de 10 anos.

 

Além disso, as punições mais duras para pecados – como o adultério, o estupro, a homossexualidade, o roubo e o assassinato – eram generalizadas. Para a retomada do poder, agora, o grupo fundamentalista pode voltar com apedrejamentos, amputação de membros e até execuções públicas.

FolhaPress

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