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Hospital que atendeu Bolsonaro omite dois nomes em lista de contaminados por coronavírus
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Publicado em 24/03/2020

Hospital das Forças Armadas (HFA) apresentou ao Governo do Distrito Federal uma lista de infectados com o novo coronavírus, mas omitiu os nomes de duas pessoas que testaram positivo.

O presidente Jair Bolsonaro, que afirma não estar contaminado mas se recusa a apresentar os resultados de seus exames, e integrantes do alto escalão do governo fizeram testes para detectar a presença do vírus. As amostras foram colhidas por equipes da unidade de saúde, vinculada ao Ministério da Defesa.

Por ora, o HFA comunicou às autoridades sanitárias do Distrito Federal 17 casos de pessoas infectadas com o vírus causador da Covid-19, os quais estão sendo monitorados.

Questionado pela reportagem, o Governo do Distrito Federal confirmou que há “alguns” integrantes do governo entre os 15 identificados, mas informou que, seguindo o protocolo da Secretaria de Saúde, a lista não será divulgada.

Na última sexta-feira (20), a juíza Raquel Soares Chiarelli, da 4ª Vara da Justiça Federal em Brasília, havia determinado que o hospital apresentasse a lista de pacientes com o novo coronavírus. A decisão, de caráter liminar (provisória), se deu em ação ajuizada pelo Governo do DF.

Bolsonaro até agora não divulgou cópia dos dois exames clínicos que realizou e que, segundo ele, deram negativo para o novo coronavírus.

Ele fez dois testes, um no dia 12 e outro no dia 17. Nas redes sociais, Bolsonaro informou que ambos deram negativo, mas não mostrou documento formal das análises.

Quando realizou seu exame, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgou um memorando oficial assinado por seu médico atestando que a análise não havia detectado a Covid-19.

A reportagem solicitou à Secom (Secretaria Especial de Comunicação) da Presidência da República cópia do exame em duas oportunidades, mas não obteve resposta.

Até o momento, pelo menos 23 pessoas ligadas à comitiva presidencial que viajou aos Estados Unidos no início deste mês receberam o diagnóstico da doença. Entre elas estão dois ministros: o general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).

Um dia antes de seu teste ter dado positivo, Heleno se reuniu três vezes com o presidente, sem máscara de proteção. Heleno, um dos ministros mais próximos de Bolsonaro, tem 72 anos. Já Albuquerque tem 61. Por causa da idade, eles fazem parte do grupo de risco para a doença.

No último dia 15, o presidente ignorou orientações dadas por ele mesmo dias antes e pelo Ministério da Saúde ao estimular e participar dos protestos pró-governo sem demonstrar preocupação com a crise do coronavírus.

Ele também contrariou orientação da equipe médica da Presidência, que o aconselhara a evitar locais com aglomeração.

Sem máscara, participou das manifestações, tocando simpatizantes e manuseando o celular de alguns apoiadores para fazer selfies. “Isso não tem preço”, disse, durante transmissão ao vivo em suas redes sociais.

Bolsonaro permaneceu por cerca de uma hora interagindo com apoiadores. Havia no local várias pessoas idosas, consideradas pertencentes ao grupo de risco da nova doença e com taxa de mortalidade maior.

Pesquisa Datafolha realizada na semana passada mostra que Bolsonaro tem sua gestão da pandemia aprovada por 35%, enquanto governadores são vistos como ótimos ou bons em seu trabalho por 54%. Mesmo o Ministério da Saúde é mais bem avaliado que o presidente: 55% aprovam o trabalho da pasta de Luiz Henrique Mandetta.

As atitudes mais notórias de Bolsonaro na crise foram mal avaliadas pela população, indica a pesquisa.

Concordam com a avaliação presidencial de que há “histeria” acerca do novo coronavírus 34% dos ouvidos, enquanto a assertiva é rejeitada por 54%, ante 3% que nem concordam nem discordam e 8% que dizem não ter opinião.

Já o episódio do ato na praça dos Três Poderes, no dia 15, quando deu a mão e abraçou manifestantes, foi reprovado por 68% e aprovado por 27%, enquanto 4% não opinaram.

Aqui, quando se cruza a questão com o índice daqueles que têm muito medo do coronavírus (36% da população), a taxa de reprovação sobe 78%.

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