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LULA: Tigrão no microfone, mansinho nos bastidores
Por Silvio Cassiano - SiCa
Publicado em 24/09/2025 13:13
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O chanceler Mauro Vieira foi claro: a reunião cara a cara entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump “não deve acontecer”; no máximo, um telefonema ou videoconferência. A mensagem contradiz o tom inflamado do presidente na ONU — defesa de soberania, recados à Casa Branca, multilateralismo — e expõe uma escolha política: ser duro diante das câmeras e medroso quando surge a chance de negociar.

 

É normal divergir dos Estados Unidos, como Lula sempre fez. Mas, no auge da tensão — com sanções, cancelamento de vistos e sinais de endurecimento em Washington —, a diplomacia pede menos palco e mais mesa. Quinze minutos de bilateral valem mais que horas de frases de efeito. Ao declinar do encontro presencial, o Planalto transmite a ideia de que prefere manter o embate na retórica, de longe, para alimentar narrativas.

 

 

O argumento da “agenda cheia” de Trump não convence quem acompanha cúpulas: quando há interesse político, as equipes abrem espaço, nem que seja para uma conversa de corredor, ainda mais depois que o próprio mandatário declarou que o encontro aconteceria. Se havia “ótima química”, como afirmou o americano, faltou ao Brasil transformar cortesia em agenda — comércio, energia, segurança, inovação — e cobrar, olho no olho, o que considera ingerência.

 

A opção por respostas indiretas preserva a narrativa, mas custa influência. O país que se apresenta como voz do Sul global não pode recusar diálogo direto com a maior potência do sistema que pretende reformar. É incoerente exigir respeito à soberania na tribuna e, ao mesmo tempo, abdicar da principal ferramenta para defendê-la: a negociação frontal.

 

Há também cálculo interno. O confronto à distância rende manchetes; o encontro presencial exige pragmatismo, concessões e riscos. Só que realpolitik não se faz no teleprompter. Enquanto o Planalto administra a cena, Washington ocupa o espaço com medidas concretas — e o Brasil vira espectador da própria crise.

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