
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, desistiu de integrar a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à abertura da Assembleia Geral da ONU, marcada para este domingo (21), após receber um visto dos Estados Unidos com severas restrições de circulaçãohttps://horabrasilia.com.br/2025/09/com-restricao-de-mobilidade-padilha-recebe-visto-limitado-para-entrar-nos-eua-durante-assembleia-da-onu/. A autorização, concedida após pressão diplomática do governo brasileiro, impede que Padilha se desloque livremente em Nova York.
O visto emitido foi da categoria G2, voltado para autoridades que participam de reuniões em organismos internacionais. No entanto, a permissão restringe a circulação do ministro a uma área limitada, entre o hotel em que estaria hospedado, a sede da ONU e as instalações da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), local onde ocorrerá um encontro de ministros da Saúde.
A medida foi interpretada por diplomatas como um “visto pária”, expressão usada no meio diplomático para autorizações concedidas a indivíduos sob sanções ou que respondem por violações de direitos humanos. Segundo interlocutores ouvidos por veículos de imprensa, vistos semelhantes já foram concedidos a figuras como Fidel Castro, Saddam Hussein e Hugo Chávez.
O motivo da sanção seria a participação de Padilha, durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff, na criação do programa Mais Médicos. A iniciativa previa o envio de médicos cubanos ao Brasil por meio de um convênio com a Opas. Segundo denúncias posteriores, os profissionais recebiam apenas uma pequena fração do valor pago pelo governo brasileiro, com a maior parte do montante repassado ao governo de Cuba, o que levou à acusação de condições análogas à escravidão.
Em agosto, o governo dos EUA já havia cancelado os vistos da esposa e da filha de Padilha. À época, o ministro minimizou o episódio e afirmou que não se importava com a possibilidade de não embarcar. A liberação de seu novo visto ocorreu somente às vésperas da viagem, com tempo insuficiente para organizar a ida em conformidade com as restrições impostas.
Segundo fontes diplomáticas, caso Padilha decidisse viajar mesmo com o visto restritivo, estaria sujeito a monitoramento constante pelas autoridades norte-americanas e até à deportação, caso fosse visto fora da rota autorizada.
Procurado, o Ministério da Saúde não comentou oficialmente o cancelamento da viagem. O Planalto tampouco se pronunciou até o momento.
